Por Vânia Capela
Em meio
à Floresta Amazônica, a cidade de Manaus conta com o segundo maior parque
industrial do Brasil. No entanto, nenhum local pode depender de um só modelo
econômico. Para haver condições de crescimento, outros polos da economia
precisam ser desenvolvidos, incluindo o segmento tecnológico, importantíssimo
para dar o suporte necessário ao desenvolvimento de todas as áreas econômicas.
Os avanços tecnológicos permitem, por exemplo, a produção eficiente de itens
que podem chegar mais baratos ao consumidor, além de agilizar atendimentos
médicos, desenvolver ferramentas educacionais e promover iniciativas de
sustentabilidade, dentre tantas outras aplicações.
Por
alavancar diferentes setores da economia, as pesquisas no setor tecnológico
precisam contar com uma estrutura que possibilite avanços. Manaus, por exemplo,
tornou-se, ao longo das últimas décadas, um grande gerador de verbas para a
realização de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Os incentivos da
Lei de Informática também são fundamentais para o constante estímulo a novas
iniciativas de pesquisa na cidade. Dessa forma, a capital amazonense conta com
uma série de empresas, institutos e startups de tecnologia, com um amplo
conjunto de fatores favoráveis ao pleno desenvolvimento de um polo digital. A
estruturação desse ecossistema tecnológico oferecerá à sociedade uma visão
clara sobre a oferta e demanda disponíveis.
Não precisamos ir muito longe para reconhecer exemplos e
inspiradores. O Polo Digital de Recife (PE) é um exemplo muito bem-sucedido de
como o trabalho organizado pode promover o desenvolvimento cada vez maior de
nossos recursos tecnológicos. Com um trabalho semelhante ao de uma cooperativa,
o Porto Digital atua nos eixos de software e serviços de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa (EC), com ênfase nos
segmentos de games, cine-vídeo-animação, música, fotografia e design.
Fundado
em 2000 com o objetivo de reter profissionais qualificados e também de
revitalizar o Recife Antigo, o Porto Digital hoje abriga 300 empresas,
organizações de fomento e órgãos de Governo e cerca de 9 mil trabalhadores.
Outro
exemplo também é o polo tecnológico de Santa Catarina, composto de diversas
empresas em Florianópolis, Blumenau e Joinville, e conhecido pelo pioneirismo
de diferentes tecnologias desenvolvidas. Em Florianópolis existem mais de 900
empresas voltadas para a tecnologia. O faturamento total chega a ser de 5,4
bilhões de reais, quatro vezes maior do que o retorno que o turismo traz.
Em
Manaus, um primeiro passo para essa organização ocorreu com a realização da 1ª
Feira do Polo Digital de Manaus. Entre os dias 27 a 29 de novembro de 2018, o
evento reuniu 93 empresas que desenvolvem o que há de mais avançado em
tecnologia e inovação na região. A Feira foi realizada pelo CODESE Manaus com
patrocínio do Sidia, e contou com 12 mil visitantes e 129 palestrantes sobre os
mais variados assuntos como empreendedorismo digital, arte 3D, games, mobile,
entre outros. Também visitaram a feira pessoas de diferentes regiões do país em
busca de soluções para os seus negócios, o que fomentou um amplo potencial de
geração de divisas para a sociedade local.
Ao
longo desses três dias intensos, pudemos notar como o compartilhamento de boas
ideias e iniciativas pode ser proveitoso para todos os setores da sociedade. Ao
fomentar soluções para a indústria 4.0, por exemplo, podemos transformar a
tecnologia que está presente nos processos industriais, tornando as fábricas
mais eficientes, produtivas e modernas.
Esse
tipo de prática encontra eco em Manaus. Como grande polo industrial, a cidade
precisa contar com um centro tecnológico consolidado que ofereça condições para
que a transformação digital ocorra de forma plena e eficiente. O suporte de um
Polo Digital oferecerá à indústria do Amazonas a possibilidade de renovar o
cerne de seus negócios, além de uma adequação de processos, gestão e até a
reorganização de departamentos para definir novas estratégias de mercado que
derivem da tecnologia. Além disso, a formação desse polo pode reter e atrair
profissionais cada vez mais qualificados, e também se conectar com outros
setores importantes da economia de Manaus como o turismo, a bioeconomia e
outros segmentos produtivos do estado. Ao tornar-se mais estruturado, o
ecossistema empresarial manauara poderá trabalhar de forma cooperativa, crescer
cada vez mais e trazer soluções inovadoras para o mercado brasileiro como um
todo.
Fonte: Vânia Capela é diretora administrativa do Sidia –
Instituto de Ciência e Tecnologia
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