Se o escândalo com a
Cambridge Analytica não foi o bastante para o Facebook no ano
passado, em 2019 ano a companhia pode enfrentar mais uma onda de controvérsias
perante o público e até mesmo a justiça. Isso porque alguns documentos
jurídicos foram revelados, possivelmente detalhando como a empresa de Mark
Zuckerberg gerou dinheiro com crianças sem o consentimento claro e contínuo dos
pais e responsáveis.
Quem está trabalhando no processo de
revelação desses documentos é o Centro de Reportagem Investigativa (CIR, do
nome em inglês Centre for Investigative Reporting), uma organização de notícias
sem fins lucrativos que mantém a iniciativa Reveal, cujos podcasts contam
histórias sobre desigualdades, abuso e corrupção e vão ao ar em 470 estações de
rádio públicas.
O caso começou com
dois menores de 18 anos que, por meio de seus pais, revelaram que eram usuários
e que haviam comprado créditos do Facebook em suas contas, assim como toda uma
classe de crianças que fazia o mesmo. O ocorrido foi resolvido em 2016, mas os
documentos permaneceram selados e a Reveal solicitou que os papéis fossem
divulgados porque houve um aumento no interesse do público “nas práticas
comerciais do Facebook” devido à sequência de escândalos envolvendo a rede
social.
Por conta disso, o
tribunal determinou na última segunda-feira (14) que o Facebook tinha 10 dias
para disponibilizar os documentos publicamente, os quais podem possuir mais de
100 páginas. Até então, quatro deles já foram revelados e concedem uma prévia
do que está por vir, com um sistema de cobranças via aplicativos de jogos na
rede social e de créditos do Facebook, com a descrição desses sistemas
parecendo bastante confusa para crianças e adultos.
Acontece que quando a compra de um
jogo é feita pelo responsável ou pelo menor de idade usando cartão de crédito
dos pais, o Facebook armazena as informações do meio de pagamento, e o método é
repetidamente cobrado do usuário com novas aquisições virtuais, sem deixar
claro que novas transações estão acontecendo. E no caso de crianças que fizeram
compras desses créditos virtuais, a surpresa maior veio na fatura do cartão de
crédito.
Os pais que passaram por esse
ocorrido entraram em contato com o Facebook para pedir um reembolso das enormes
quantias em dinheiro cobradas, já que as mesmas não foram autorizadas por eles
— mas a companhia se recusou. O principal argumento, inclusive, é a de que
nenhuma comprovação foi pedida pela rede social de que eram de fato os
responsáveis autorizando cada transação.
Como apenas uma parcela dos
documentos foi divulgada, muitos outros detalhes serão revelados posteriormente
quando o Facebook disponibilizar as mais de 100 páginas que ainda faltam. Vale
ressaltar, porém, que a companhia também convenceu o juiz a manter alguns
registros em sigilo porque eles contêm “informações que causariam danos à rede
social, superando o benefício público”, o que indica que o buraco pode ser
muito mais fundo do que se imagina.
Fonte: Fox News
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