terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Facebook pode ter gerado lucro com transações não autorizadas de apps de jogos


Se o escândalo com a Cambridge Analytica não foi o bastante para o Facebook no ano passado, em 2019 ano a companhia pode enfrentar mais uma onda de controvérsias perante o público e até mesmo a justiça. Isso porque alguns documentos jurídicos foram revelados, possivelmente detalhando como a empresa de Mark Zuckerberg gerou dinheiro com crianças sem o consentimento claro e contínuo dos pais e responsáveis.

Quem está trabalhando no processo de revelação desses documentos é o Centro de Reportagem Investigativa (CIR, do nome em inglês Centre for Investigative Reporting), uma organização de notícias sem fins lucrativos que mantém a iniciativa Reveal, cujos podcasts contam histórias sobre desigualdades, abuso e corrupção e vão ao ar em 470 estações de rádio públicas.

O caso começou com dois menores de 18 anos que, por meio de seus pais, revelaram que eram usuários e que haviam comprado créditos do Facebook em suas contas, assim como toda uma classe de crianças que fazia o mesmo. O ocorrido foi resolvido em 2016, mas os documentos permaneceram selados e a Reveal solicitou que os papéis fossem divulgados porque houve um aumento no interesse do público “nas práticas comerciais do Facebook” devido à sequência de escândalos envolvendo a rede social.

Por conta disso, o tribunal determinou na última segunda-feira (14) que o Facebook tinha 10 dias para disponibilizar os documentos publicamente, os quais podem possuir mais de 100 páginas. Até então, quatro deles já foram revelados e concedem uma prévia do que está por vir, com um sistema de cobranças via aplicativos de jogos na rede social e de créditos do Facebook, com a descrição desses sistemas parecendo bastante confusa para crianças e adultos.

Acontece que quando a compra de um jogo é feita pelo responsável ou pelo menor de idade usando cartão de crédito dos pais, o Facebook armazena as informações do meio de pagamento, e o método é repetidamente cobrado do usuário com novas aquisições virtuais, sem deixar claro que novas transações estão acontecendo. E no caso de crianças que fizeram compras desses créditos virtuais, a surpresa maior veio na fatura do cartão de crédito.

Os pais que passaram por esse ocorrido entraram em contato com o Facebook para pedir um reembolso das enormes quantias em dinheiro cobradas, já que as mesmas não foram autorizadas por eles — mas a companhia se recusou. O principal argumento, inclusive, é a de que nenhuma comprovação foi pedida pela rede social de que eram de fato os responsáveis autorizando cada transação.

Como apenas uma parcela dos documentos foi divulgada, muitos outros detalhes serão revelados posteriormente quando o Facebook disponibilizar as mais de 100 páginas que ainda faltam. Vale ressaltar, porém, que a companhia também convenceu o juiz a manter alguns registros em sigilo porque eles contêm “informações que causariam danos à rede social, superando o benefício público”, o que indica que o buraco pode ser muito mais fundo do que se imagina.

Fonte: Fox News

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