Conversas entre
médicos e pacientes, relações sexuais sussurradas ou até mesmo transações entre
traficantes — isso e muito mais têm sido escutado por funcionários
terceirizados pela Apple,
contratados para aprimorar o sistema de reconhecimento de fala de sua
assistente de voz.
Segundo o funcionário que denunciou o
problema ao jornal inglês The Guardian,
estariam sendo ouvidas menos de 1% das ativações diárias da Siri, selecionadas
aleatoriamente. Porém, são áudios que contêm informações pessoais
que poderiam levar a quem as ouvisse a traçar o perfil pessoal do
usuário.
Além disso, a frequência com que
acontecem as ativações acidentais do programa seria alta (uma entrevista à
BBC sobre a Síria foi interrompida pela assistente no ano passado). A empresa
também não seria clara sobre sua assistente virtual começar uma
gravação sem que ninguém a tenha chamado, simplesmente por ter capturado
um áudio semelhante ao do seu comando. Segundo o funcionário, embora a Siri
esteja incluída na maioria dos dispositivos, o Apple Watch e o alto-falante
inteligente HomePod são as fontes mais frequentes de gravações ativadas
acidentalmente.
Alta rotatividade de funcionários
A empresa diz, em um comunicado, que
protege a privacidade das informações de múltiplas maneiras e que elas são
analisadas em "instalações seguras" por pessoas que trabalham
"sob requisitos rígidos de confidencialidade".
Porém, a alta
rotatividade entre os funcionários terceirizados e o pouco controle sobre
os novos contratados só pioraria o problema. Também não haveria uma
política específica sobre como lidar com gravações sensíveis: os funcionários
são orientados a relatar solicitações acidentais como problemas técnicos,
mas não o conteúdo em si.
A Apple não está sozinha em empregar a supervisão humana de
seus assistentes automáticos de voz. Em abril, foi revelado que a Amazon usava
funcionários para ouvir gravações da Alexa e, no início deste mês,
descobriu-se que os funcionários do Google
estavam fazendo o mesmo com o Google Assistant.
Fonte: The Guardian
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