Nossos ancestrais
começaram a desenvolver ferramentas de pedra há 2,5 milhões de anos, pelo
menos, e foram refinando esses utensílios ao longo de centenas de milhares de
anos até os substituírem por peças de metal – feitas primeiro de cobre, depois
de bronze e, por último, ferro. Essas variações permitem que os pesquisadores
tracem saltos na evolução humana, e agora o mesmo raciocínio pôde ser aplicado
a um grupo de macaquinhos aqui no Brasil, cujos comportamentos revelaram que
eles se encontram inseridos em plena Idade da Pedra.
Pré-história – agora
Os animais – macacos-prego ou Sapajus libidinosus – habitam uma
área remota do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, e os cientistas
observaram os macaquinhos usando fragmentos arredondados de quartzo para abrir
sementes e frutos secos, como a castanha-do-caju, sobre raízes de árvores ou
outras pedras. O interessante é que “ferramentas” semelhantes que foram sendo
descartadas ao longo do tempo foram achadas no local e, segundo as evidências,
as criaturas vêm usando e adaptando esses utensílios há pelo menos 3 milênios.
De acordo com os pesquisadores, no
decorrer de 450 gerações, os macacos que se fixaram na área não só
desenvolveram objetos de pedra para obter alimento, como também criaram
ferramentas de tamanhos e formatos diferentes – aparentemente adaptadas para
abrir sementes específicas e frutos de dimensões ou com cascas mais ou menos
duras.
Evolução
Mais especificamente, as ferramentas
mais antigas encontradas durante as escavações são relativamente leves e
pequenas, apresentam muitos sinais de desgaste, mas poucos resíduos das
castanhas-de-caju, o que sugere que as peças provavelmente eram usadas para
abrir alimentos menores e difíceis de “acertar” com as pedras, resultando em
mais danos aos utensílios.
Depois, por alguma razão, há cerca de
300 anos, os macacos começaram a desenvolver ferramentas bem maiores e mais
pesadas, indicando que os animais passaram a focar em alimentos mais duros e
difíceis de abrir. E foi só há mais ou menos 1 século que os macacos-prego
mudaram o foco novamente e começaram a usar pedras específicas para quebrar as
castanhas.
(Fonte: National Geographic/Wikimedia Commons/Tiago Falótico)
O que, exatamente, levou os animais a
mudarem de comportamento e buscarem diferentes fontes de comida é um mistério –
talvez as castanhas-de-caju fossem menos comuns na região no passado ou os
resíduos tenham desaparecido com o tempo, por exemplo –, mas os sinais de
evolução parecem claros.
Ademais, é importante frisar que,
embora os animais tenham implementado suas ferramentas, eles não parecem ter
mudado muito a técnica utilizada para empregar os utensílios, o que permite que
os cientistas apenas concluam que os macaquinhos usaram peças distintas de
maneira semelhante com diferentes objetivos. Seja como for, esse é o primeiro
exemplo de adaptações realizadas em ferramentas em longo prazo já identificado
em não humanos, e ele pode nos ajudar a compreender a nossa própria evolução.
Fontes:
National Geographic /
Michael Greshko/Science Alert / Carly
Cassella/Ars Technica / Kiona N.
Smith
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