O banimento de um grupo de compartilhamento de
memes do Facebook com quase 500 mil membros causou um efeito dominó em outros
que, por temerem ser alvo da mesma medida, vem mudando desde quarta-feira (15)
suas configurações de privacidade de “fechado” para “secreto”. Neste modo, além
do conteúdo, a existência do grupo fica oculta a todos que não são
participantes.
O grupo Crossovers Nobody Asked For (CNAF ou, em
tradução livre, Crossovers que ninguém pediu) foi subitamente removido da rede
social no último dia 13. Os administradores criaram um CNAF 2 e tentaram
deslocar membros do anterior para ele, mas o Facebook o fechou apenas um dia
depois. Outros grupos também foram banidos pela empresa.
Usuários encontraram publicações em um grupo
chamado Comissão de denúncia da Indonésia (em inglês, Indonesian Reporting
Commission ou na sigla IReC) comemorando o banimento do CNAF.
A celebração sugere que o grupo reportou
denúncias em massa ao Facebook contra um suposto teor ofensivo do CNAF, o que
obriga o Facebook a derrubá-lo. A suspeita não foi confirmada pela rede social.
Pouco tempo depois, usuários da plataforma
começaram a acusar o IReC de falsamente incriminar o CNAF por discursos de ódio
– o que faz sentido, já que o alvo era um grupo de memes. Não demorou muito
para descobrirem a identidade do administrador principal do IReC, levando-o a
se retratar. "Minha razão para essa transgressão foi excluir ou destruir
tudo o que é negativo no Facebook, como a SARA (piadas religiosas ofensivas),
hoax (boatos que podem conter vírus) e outras, que violam as regras do
Facebook", escreveu Muhammad Salim.
Ele disse que encontrou discursos de ódio e
ofensas religiosas nos grupos que denunciou. Apesar disso, lamentou pelos
banimentos e pelos “nossos erros” e concluiu que, como líder do IReC, vai
encerrar a operação do grupo e “nos responsabilizar por tudo o que aconteceu”.
Mesmo não confirmando o envolvimento no caso, a decisão de Salim significa que
o IReC foi de fato um dos responsáveis pela remoção do CNAF.
As notícias sobre o envolvimento da Comissão de
denúncia da Indonésia na remoção de grupos rapidamente se espalharam pelo
Facebook, fazendo com que muitos dos principais grupos da plataforma mudassem
suas configurações de privacidade para “secreto” como precaução. "É melhor
prevenir do que remediar", explicou um administrador de um grupo.
O Facebook reverberou a responsabilidade do IReC
ao voltar atrás na remoção e afirmar, nesta quinta-feira (16), que está
"trabalhando para restaurar" os grupos que foram “erroneamente”
removidos ou afetados por "sabotagem" e evitar que isso aconteça
novamente.
Um porta-voz disse ao site Mashable que, após investigação,
a empresa descobriu que o conteúdo que violava as políticas da rede social e
levou ao banimento dos grupos havia sido "postado para sabotar grupos
legítimos” que seguem as diretrizes de uso da plataforma.
Apesar do Facebook reconsiderar os banimentos e
assumir o erro, o fato de suspensão ou proibição de conteúdos da plataforma
depender de sistema de relatórios baseado em algoritmos enfatiza a
vulnerabilidade da moderação da rede social.
Na tarde de quinta-feira, o Crossovers Nobody
Asked For foi restaurado ao Facebook, assim como outros grupos que foram
fechados depois dele. "Desde então, mudei [as configurações] de volta,
pois parece que o susto pode ter sido injustificado com base no conteúdo de
nossa página de memes", disse ao Mashable o administrador do grupo.
Fontes:
Mashable e The Verge
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