Em um sábado de
cartão postal no meio do outono brasileiro, centenas de pessoas se reuniram na
Casa de Nassau, em São Paulo, por uma mesma paixão: os jogos antigos. Seja pela
nostalgia de soprar (atitude nada recomendada) uma fita de Super Nintendo, ou
ver um belo pixel rodando em uma TV de tubo, todo mundo ali queria entrar nessa
máquina do tempo.
O Festival Retro
Gaming Brasil nasceu de uma proposta de amor pelos consoles e jogos antigos.
Era apenas uma encontro entre amigos, formado primordialmente por ouvintes do
podcast RGB Inside. “Fizemos um evento descompromissado em 2017. Só para
celebrar esta comunidade. Deu umas 30 pessoas. No ano passado, já fizemos outro
com mais de 100. Aí tivemos o ânimo de criar algo ainda mais robusto”, explica
Fábio Santana, jornalista veterano da indústria de jogos e um dos organizadores
do evento.
Festival
celebrava jogos de consoles antigos (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)
O encontro
levou muita coisa para a Casa de Nassau. Lá, era possível colocar a mão em
arcades antigos como os da Capcom e SNK, além observar consoles antigos. Tinha
de tudo: Atari, Mega Drive, Super Nintendo,
Nintendo 64. Ainda, se você fosse um colecionador, poderia aproveitar o espaço
para trocar figurinhas com outros amantes do colecionismo.
Atualidade
Outro destaque do evento foram os
equipamentos voltados para ligar jogos em TVs e monitores atuais. A questão é
que os jogos antigos foram criados para rodar em telas com resolução muito
inferior às atuais. O resultado quando se liga um consoles antigo a um
televisor atual é que tudo fica desconfigurado e sem a beleza de antigamente.
O Festival contou com exposição de
monitores voltados para isso, além de aparelhos que permitem ligar tais jogos
até em projetores para uma boa qualidade de imagem.
Monitores ajudam a criar uma experiÊncia mais
próxima da antiga em monitores atuais (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)
Outra celebração
atual dos games antigos foi o Blazing Chrome, um jogo brasileiro criado pelo
desenvolvedores da JoyMasher. O game faz parte de um estilo chamado de Run
n Gun, em que o jogador
anda por uma game em 2D atirando basicamente em tudo que se move. Feito em
pixel art, ele é todo ambientado na década de 80 e 90, inspirado em jogos como Contra e Metal
Slug.
Memória
O evento contou com participação de
gente que viveu a época do início da entrada da jogos no Brasil. No palco do
evento, houve palestras sobre revistas de games com nomes como Pablo Miyazawa,
ex-editor da revista Nintendo World; Humberto Martinez, ex-editor da revista
Dicas e Truques para PlayStation e atual editor da revista oficial do console;
e até mesmo Santana, que já dirigiu a revista Gamers; entre outros.
Outro grande nome
do evento era Silvio Puertas, ex-funcionário da Romstar, empresa que trouxe os
arcades da Capcom para o Brasil. Ele é considerado o primeiro a trabalhar nas
máquinas da desenvolvedora por aqui.
Ele entrou na
empresa à convite de uma amiga, apenas para certificar de que as peças
comercializadas nos postos de venda eram mesmo reais. “A gente sofria muito com
falsificação. De tudo. Desde placas adulteradas, a pessoas que colocavam um
contador diferente de moedas para repassar menos para nós. Mas era uma época
divertida”, contou Puertas em entrevista no evento.
Puertas em
apresentação no evento (Foto: Divulgação/FRGB)
Ele cuidou
de toda colocação das máquinas aqui no Brasil, coordenando uma equipe de
colegas. Mas, no fim, teve de aprender tudo sozinho. Se você se interessou
sobre a história da empresa no Brasil, o Canaltech tem
um especial sobre a Capcom no Brasil, inclusive com a
participação de Puertas.
O Festival
também contou com a participação de Alexandre Pagano, ex-designer da Tectoy na
era de ouro do Master System e do Mega Drive no Brasil.
Por fim,
os participantes também puderam participar de campeonatos, trocas e comércio de
itens antigos, além de show com a banda Megadriver, voltada a arranjos com
músicas oficiais de jogos.
“A gente
queria expandir o público, fazer algo que chegasse a mais pessoas e transcender
o circuito atual, que fica um pouco mais restrito do que deveria ser”, finaliza
Santana.
Ele ainda disse que quer fazer uma nova edição do Festival
Retro Gaming Brasil, mas que ainda não há planos para um novo encontro.
Fonte: Canaltech
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