A Organização
Mundial de Saúde (OMS) anunciou que incluirá, após votação unânime em favor da
medida, o chamado “vício em games” na lista de doenças reconhecidas pela
entidade a partir de janeiro de 2022. A possibilidade já havia sido levantada
pelo próprio órgão em dezembro do ano passado, conforme noticiamos.
A OMS colocou a pauta em votação para
seus 194 membros, que votaram favoravelmente à inclusão do “distúrbio” na
Classificação Internacional de Doenças (CID). A entidade alega que o assunto
foi posicionado após consulta com “diversos especialistas”.
Pela categorização
da OMS, aqueles que sofrem do chamado “vício em jogos” podem apresentar “um
padrão persistente ou recorrente de comportamento de jogo. As desordens e
sintomas incluem controle prejudicado sobre o ato de jogar (por exemplo,
frequência, intensidade, duração, finalização e contexto); prioridade crescente
oferecida aos jogos, com o peso extra de que o ato de jogar toma precedente
sobre outros interesses de vida e atividades diárias; e a continuação ou
escalada de jogos, apesar da ocorrência de consequências negativas”. As
informações são da descrição oficial publicada pela entidade.
Em outras
palavras, segundo a OMS, pessoas que sofrem do vício correm o risco de
prejudicar suas vidas em todos os âmbitos: pessoal, familiar, ocupacional,
trabalhista e social. A entidade ainda diz que esse transtorno pode ser uma
aflição contínua ou episódica na vítima e que, para sugerir que alguém sofra do
mal, esses padrões de comportamento devem ser apresentados por cerca de um ano
ou mais.
Em
dezembro, quando a situação foi anunciada pela primeira vez, a ESA, entidade
comercial que representa a indústria dos games nos Estados Unidos, criticou a
OMS, dizendo que a entidade estava “‘trivializando’ sem responsabilidade
alguma, os reais transtornos psicológicos e mentais da saúde pública”. A ESA
argumentou que o tempo dedicado aos games não difere em nada daquele feito por,
por exemplo, fãs ávidos de alguns esportes, ressaltando ainda que a indústria
como um todo, em seus 40 anos de história, trouxe entretenimento para bilhões
de pessoas.
"A
Organização Mundial de Saúde sabe que o bom senso e a pesquisa objetiva provam
que videogames não têm nenhum aspecto viciante. E, ao posicionar esse rótulo
oficial sobre eles, torna triviais distúrbios mentais verdadeiros, como
depressão e ansiedade, os quais necessitam de tratamento e total atenção da
comunidade médica”, dizia um comunicado da entidade comercial, urgindo para que
a OMS reconsiderasse sua posição.
Representantes
da indústria mundial de jogos criticaram a medida tomada em caráter unânime
pela OMS, alegando que decisão foi tomada sem embasamento acadêmico
Agora,
outras associações comerciais se juntam à ESA, ecoando o discurso de que a OMS
cometeu um erro grave: destacam-se entre elas a ESA Canada, IGEA (Austrália e
Nova Zelândia), ISFE (Europa), K Games (Coréia do Sul) e a UKIE (Reino Unido).
Todas alegam que a OMS chegou à decisão sem o consenso da comunidade acadêmica.
Pelo
comunicado em conjunto das entidades:
“Há um
debate significativo entre médicos e profissionais do setor sobre a decisão de
hoje [ontem] da OMS. Estamos preocupados com [o fato de] ela ter chegado a essa
conclusão sem o consenso da comunidade acadêmica. As consequências dessa ação
podem ser extensas, longevas e não intencionais em direção ao detrimento
daqueles que genuinamente precisam de ajuda”.
Nós
encorajamos e damos suporte para que os jogos sejam aproveitados de forma leve
e saudável, oferecendo informações e ferramentas como controles parentais, que
empoderam bilhões de pessoas ao redor do mundo para gerenciar seus tempos de
jogo, certificando-se de que eles se mantenham aproveitáveis e enriquecedores.
Assim como todas as coisas boas da vida, a moderação é a chave e encontrar o
equilíbrio certo é uma parte essencial do jogo de forma segura e sensível”.
Recentes
medidas foram tomadas por alguns dos jogos mais populares do setor: PlayerUnknown’s
Battlegrounds, por exemplo, emite alertas via pop-up de tempos em tempos,
pedindo que o jogador se desconecte um pouco e vá descansar. Na última semana,
o CEO da Sony, Kenichiro Yoshida,
falou ao Kyodo News e outros veículos da imprensa asiática, sobre “como nós
temos que levar isso a sério e adotar contra-medidas”, mas não elaborou a que
se referia com essas palavras.
Fonte: Gamespot; Kyodo News; OMS
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