Um grande golpe de clonagem de chips
telefônicos atingiu cinco mil pessoas no Brasil, com direito a vítimas notórias
como ministros, governadores, grandes empresários e celebridades. De acordo com
as informações da Kaspersky, os roubos
praticados pela quadrilha também nacional chegaram a R$ 10 mil em alguns casos,
com os bandidos conseguindo acesso às contas bancárias dos atingidos.
O SIM Swap, como é chamado o método
popularmente conhecido como clonagem, é uma prática bastante comum, mas se
tornou mais popular em todo o mundo nos últimos anos por ser uma bela porta de
entrada para golpes. E, conforme foi revelado em relatório conjunto entre a
Kaspersky e o CERT, as empresas de telefonia também são um alvo, pois
representam fator essencial no processo.
Identidades de vítimas, claro, não
foram reveladas.
E-mails de phishing enviados a
colaboradores das telecoms tentam roubar credenciais de acesso à sistemas
internos, que permitem a portabilidade dos números das vítimas de um chip para
outro. Em outros casos, os próprios funcionários fazem parte da quadrilha,
cobrando de R$ 40 a R$ 150 pela ativação de um cartão SIM, com serviço desse tipo
também sendo operado por hackers que obtiveram acesso à infraestrutura das
operadoras.
Existem, ainda, falhas em processos
internos, que acabam levando à clonagem mesmo com os bandidos enviando
documentos falsos ou errados às empresas. Neste caso, o criminoso chega a
entrar em contato com a operadora se passando pela vítima e informando
documentos obtidos em outros vazamentos, solicitando a ativação de um novo chip
por ter perdido o anterior.
De posse do número de celular da
vítima, juntamente com outras informações como e-mail, por exemplo, os bandidos
são capazes de derrubar sistemas de autenticação em duas etapas que, muitas
vezes, utilizam SMS para verificação. Credenciais obtidas em vazamentos de
outras plataformas também podem ser utilizadas como acessórios aqui e o mesmo
vale também para serviços que usem o celular como via para resetar senhas de
acesso.
Fabio
Assolini, da Kaspersky, conduziu estudo sobre clonagem de SIMs e apontou
responsabilidade de operadoras e bancos (Imagem: Divulgação/Kaspersky)
Personalidades
e executivos, claro, são alvos principais e que podem levar a golpes maiores,
mas como aponta o analista sênior de segurança da Kaspersky, Fabio Assolini,
qualquer um pode se tornar vítima de clonagem. “Os fraudadores atiram em todas
as direções e, na maioria dos casos, é possível descobrir o número do seu
celular com uma simples busca no Google.
“Socorro”
pelo WhatsApp
Além da
invasão de serviços e contas bancárias, os criminosos também aproveitam a posse
do número de celular da vítima para realizar outros golpes contra familiares,
amigos e contatos. Usando o WhatsApp,
por exemplo, o bandido pode se passar por outra pessoa e pedir dinheiro aos
conhecidos, alegando emergências ou problemas com o cartão de crédito.
Em casos relatados no estudo
conduzido pela Kaspersky e pelo CERT, esse método chegou a ser usado contra o
departamento financeiro de empresas, com os criminosos se passando por
executivos que tiveram suas contas clonadas.
Não se sabe, entretanto, se a
companhia chegou a transferir recursos para os responsáveis pelo golpe.
Assolini cria uma ligação direta
entre o uso de autenticação em dois fatores por SMS e o aumento nos casos desse
tipo em todo o mundo.
O especialista aponta diretamente
para as instituições financeiras, como bancos e fintechs, que não devem mais
utilizar esse tipo de verificação para acesso a seus serviços, extinguindo,
assim, a possibilidade de golpes dessa categoria.
Além disso, as operadoras também
podem tomar atitudes extras para garantir mais segurança durante o processo de
portabilidade.
Mensagens automáticas enviadas para
os celulares, por exemplo, põem garantir que o cliente legítimo seja informado
que uma mudança desse tipo está para acontecer e permitem que ele tome ações
para impedir a clonagem.
Para os usuários, a recomendação é a
mesma. Ao optar pela autenticação em dois fatores para aplicativos e serviços,
procure utilizar outros métodos que não o SMS para validação. Nem todos
permitem isso, portanto, é preciso estar ciente aos riscos e ficar atento a
qualquer anormalidade nos serviços celulares.
Fonte: Kaspersky
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