No início de abril, o governo dos
Estados Unidos pressionou a NASA dizendo que o país
deveria retornar presencialmente à Lua dentro de cinco anos, e não somente em
2028 como planejado anteriormente. Agora, a NASA confirmou que aceitou o desafio de
levar novos astronautas ao nosso satélite natural no ano de 2024.
"Recebemos um objetivo ambicioso
e empolgante. A história comprovou que, quando recebemos uma missão do
presidente, juntamente com os recursos e as ferramentas necessárias, podemos
cumpri-la. Estamos comprometidos em fazer isso acontecer. Nós temos as pessoas
para conseguir isso. Agora, só precisamos de apoio bipartidário e os recursos
para tal", declarou Jim Bridenstine, administrador da NASA, durante o 35th
Space Symposium.
Jim
Bridenstine (Foto: NASA)
Bridenstine
confirmou que, para levar novas tripulações à Lua o mais rápido possível, a
ideia será estabelecer parcerias público-privadas na construção de um novo
sistema de pouso lunar, com o polo sul da Lua sendo a região de interesse. O
atual programa lunar da NASA considera duas fases principais — primeiro, pousar
as próximas pessoas na Lua até 2024; depois, estabelecer missões sustentáveis
até 2028 e, para isso, o poderoso foguete Space Launch
System precisa estar em operação.
Ambas as fases contam com a
plataforma Gateway, que será uma espécie de estação espacial permanente na
órbita da Lua. "A Gateway pode ser posicionada em uma variedade de órbitas
ao redor da Lua, permite acesso a toda a superfície lunar e apoia o desenvolvimento
de um sistema de aterrissagem humana reutilizável", explicou William
Gerstenmaier, administrador associado da Diretoria de Exploração Humana e
Missão de Operações da NASA.
Como será o pouso lunar a partir da
Gateway
A estação
lunar Gateway ficará permanentemente na órbita da Lua, servindo como pit stop
para os exploradores e, futuramente, também tendo papel no envio de astronautas
a Marte. Na Lua, uma plataforma de descida será usada para o pouso na
superfície, também servindo para devolver os astronautas à estação quando suas
missões exploratórias se encerrarem. Durante as expedições lunares, uma equipe
sempre permanecerá a bordo da Gateway para investigações científicas, enquanto
o restante da tripulação caminha pela superfície. A ideia é usar a nave Orion,
da própria NASA, para levar astronautas da Terra à Gateway, e de lá de volta
para cá.
A NASA já
está trabalhando com a indústria norte-americana para desenvolver as
plataformas necessárias para o funcionamento da Gateway.
Bê-a-bá da
Gateway
A Gateway
será um lar temporário e escritório/laboratório para astronautas na órbita da
Lua, que ficará a cerca de cinco dias de viagem a partir da Terra. A estação
contará com salas de estar, laboratórios de pesquisa, dormitórios e portas para
que outras espaçonaves se encaixem na estação, proporcionando não somente à
NASA, como a seus parceiros, acesso permanente à superfície lunar de maneira
sem precedentes, apoiando tanto missões humanas, quanto robóticas.
Enquanto na Estação Espacial
Internacional (ISS) os astronautas ali vivem por vários meses, na Gateway o
período de permanência será mais curto, com a estação lunar também sendo muito
menor do que a ISS. Seu interior será aproximadamente do tamanho de um estúdio,
enquanto a ISS é maior do que uma casa de seis cômodos. Os astronautas poderão
viver e trabalhar na Gateway por até três meses consecutivos.
E por que construir a Gateway em vez
de irmos diretamente à Lua como foi feito no passado? "Queremos que a
Gateway seja um novo local para a exploração humana com a melhor ciência e
tecnologia do mundo. A espaçonave será importante para expandir a presença
humana mais profundamente no Sistema Solar, incluindo a Lua e Marte",
explica a agência espacial. Sendo assim, é mais jogo investir em uma plataforma
que possibilitará a presença constante de pessoas na Lua, do que investir em
lançamentos únicos e periódicos.
Apesar de
esta configuração ainda não ser a definitiva, ela mostra o projeto atual da
Gateway e seus módulos. Em azul estão os módulos que serão construídos por
parceiros estadunidense, enquanto as partes em roxo serão fornecidas por
parceiros internacionais, e os módulos em amarelo ainda aguardam definição
sobre quem desenvolverá (Imagem: NASA)
Ainda, a
NASA está avaliando a possibilidade de o traslado entre a estação e a
superfície lunar ser feito contando com aterrissadores reutilizáveis — assim
como em um aeroporto na Terra, a ideia é que as naves possam usar a estação
para reabastecer ou substituir peças entre uma viagem e outra. Isso tornará
possível a ida à superfície com ainda mais frequência, gastando menos recursos.
Quanto à
construção da Gateway, ela será montada no espaço, como foi feito com a ISS. A
NASA planeja construir a estação com apenas cinco ou seis lançamentos de
foguetes, enquanto que, para construir a ISS, foram necessários 34 lançamentos.
O foguete SLS e a nave Orion serão fundamentais para a montagem da estação, mas
a agência espacial também contará com parcerias envolvendo empresas privadas
dos EUA e agências espaciais internacionais. "Algumas peças podem ser
enviadas em foguetes particulares, mas o SLS será o mais utilizado", revelou
a NASA.
As
empresas privadas deverão ser as responsáveis pela construção da área de
convivência dos astronautas na Gateway — o chamado módulo de habitação. Mas a
agência também discute com parceiros internacionais a possibilidade de se criar
um espaço ampliado contando com robótica avançada.
Já com
relação aos trabalhos científicos que serão feitos na Gateway, a NASA acredita
que a estação "será a chave para uma nova era na exploração lunar, tanto
em órbita quanto na superfície", pois "uma das coisas mais originais
da Gateway é que a NASA poderá movê-la para outras posições ao redor da órbita
da Lua para fazer mais ciência em outros locais", conforme explica a
agência.
E quando
tudo isso acontecerá? Bom, a boa notícia é que a NASA já começou a trabalhar na
Gateway, com a primeira grande parte dos módulos iniciais sendo lançada em um
foguete privado em 2022. Depois que essa primeira parte estiver na órbita
correta e com os devidos testes de potência e comunicações realizados, a NASA
lançará quatro astronautas usando o conjunto SLS e Orion, que carregarão duas
novas seções a serem adicionadas à estação.
Então, com
a Gateway já estando habitável, anualmente novas turmas de astronautas serão
enviadas para lá levando novas partes a serem acopladas à estação, com previsão
de finalização para o ano de 2026.
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