O dia 8 de maio
será uma data marcante para a Uber — para o bem ou
para o mal. O dia não só marcará a oferta pública inicial (IPO) da empresa na
Bolsa de Nova York, mas também uma greve que vem sendo planejado por muitos
motoristas de sete grandes cidades dos EUA.
Segundo representantes da classe
trabalhadora, os motoristas alegam que a Uber vem encolhendo seus pagamentos,
além de não oferecer benefícios ou segurança relacionados a trabalho. Também reclamam
de não terem voz contundente nas opiniões refletidas pela empresa e acusam a
Uber de falta de transparência para com eles.
A greve vem sendo
organizada por diversos grupos de motoristas online e traz respaldo de diversas
entidades trabalhistas. Segundo as informações divulgadas, motoristas de São
Francisco, San Diego, Los Angeles, Chicago, Minneapolis, Filadélfia e a capital
Washington devem se juntar ao movimento de protesto, que paralisará os serviços
prestados à Uber por até 12 horas.
“Nós queremos um
salário pelo qual se possa viver”, disse o motorista e um dos organizadores,
Mostafa Maklad, ao Gizmodo.
“A maioria dos
motoristas de São Francisco são forçados a trabalharem pelo menos 70 a 80 horas
por semana para poder sobreviver na cidade. Custos de moradia aumentam, assim
como preços na gasolina, comida… Tudo está ficando mais caro para se viver
aqui. Nós temos que dirigir mais e mais, lidar com problemas de saúde e
estresse, mas a Uber nem liga. O que ela está fazendo é reduzir o pagamento dos
motoristas”.
A Uber não
respondeu a pedidos de comentário, tampouco se reuniu com os organizadores da
greve. A expectativa da empresa é de arrecadar algo próximo da marca de US$ 10
bilhões em sua oferta inicial.
Greves de
grande escala estão sendo organizadas por motoristas em pelo menos sete cidades
para o mesmo dia em que Uber realizará sua IPO (Imagem:
Reprodução/Gizmodo)
Estudos
diversos já publicados online estimam que um motorista da Uber nos EUA ganha,
em média, entre US$ 9 e US$ 14 por hora (algo em torno de R$ 35 e R$ 55,
ajustado à cotação de hoje). Entretanto, a Uber já disse em ocasiões passadas
que motoristas da empresa nos EUA chegam a ganhar aproximadamente US$ 90 mil
por ano.
A
estrutura organizacional de motoristas da Uber pegou muitos analistas de
surpresa: isolados e trabalhando por conta, ninguém esperava que entidades de
cunho trabalhistas fossem formadas ao redor do app de caronas.
Entretanto,
a motorista e organizadora Rebecca Stack Martinez disse que toda oportunidade é
aproveitada para promover essas entidades improvisadas:
“Quando
estou em um aeroporto, por exemplo, vejo que a maioria dos motoristas saem dos
carros para esticar as pernas, diante de um clima ameno. Eles se reúnem entre
si para reclamar das corridas, frustrações e falta de auxílio da Uber. Essa é
uma oportunidade para que eu entre na conversa e diga ‘Ei, eu sei bem do que
você está falando, essas são algumas organizações que podem lhe ajudar’”.
No Brasil,
a realidade não é diferente: em São Paulo, por exemplo, existe a Amasp
(Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo), presidida por Marlon
Luz. Ele, além de motorista da Uber em tempo integral, também conta com canais
no YouTube, onde publica dicas para quem quer
ser motorista pela empresa. Entretanto, agregações em larga escala e greves de
maior porte ainda são desconhecidas por aqui.
A situação nos EUA
vem escalando de tal forma que, mês passado, um funcionário da Uber escreveu
uma carta anônima, publicando-a em apoio aos grevistas: “As greves convocadas
pela Rideshare Drivers United [RDU, uma das associações organizadoras da greve
nos EUA] no sul da Califórnia; e pela Gig Workers Rising [outra entidade] em
São Francisco são um sinal de profunda frustração que muitos motoristas de apps
de carona compartilhada sentem”, disse o autor. “Enquanto executivos de tais
aplicativos continuam a receber vastas remunerações e pacotes de benefícios e
funcionários internos esperam uma IPO bem-sucedida tanto para a Uber quanto
para a Lyft (...),
[enquanto] os motoristas são ‘comprimidos’ a fim de oferecer as ofertas
iniciais de capital aos seus investidores”.
Fonte: Gizmodo
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