Recentemente, a
revista Wired encontrou dezenas de aplicativos para Android na Google Play que foram classificados
como seguros para crianças, porém, continham conteúdo inapropriado. O Jogo Mad
Max Zombie, por exemplo, havia classificação PEGI 3 e o objetivo do jogo era
abater mortos-vivos, não bastando, continha muito sangue, imagens perturbadoras
de cadáveres ambulantes e armas de fogo realistas. O jogo foi removido,
reclassificado como PEGI 12 e relançado como Mad War Zombies.
Na Europa, todos os jogos são
emitidos pela Pan European Game Information (PEGI), mas
quando se trata de versões somente digitais, o processo é automatizado por meio
de um questionário criado pela International Age Rating Coalition (IARC), com o
custo de emissão de classificações suportadas pela loja, em vez de
desenvolvedores individuais. Em contrapartida, o próprio Google não verifica a
precisão da classificação.
Fonte:
Google Play Store
Infelizmente,
a Play Store está cheia de aplicativos que desafiam a política de classificação
etária e as ferramentas de filtragem do Google. O relatório continha 36 jogos
com teor impróprio e outros 16 com formas de conteúdo duvidoso, incluindo
alguns que rastream a localização dos usuários. Foram totalmente removidos ou
relançados 16 jogos com avaliações e permissões revisadas.
Comparando a
Google Play com a App Store
Se
formos comparar com a Apple, que possui uma rigorosa política de classificação
etária e processo de aprovação em todos os aplicativos, aparentemente,
percebemos que o Google não investe seus lucros na construção de um sistema
robusto monitorado por humanos para garantir que todas as classificações
etárias da plataforma estejam corretas. Para a adequação da idade ser atribuída
na Play Store, basta preencher um formulário pelo seu criador e ela é
automaticamente aprovada.
O
trabalho de verificação é das agências de classificação regional, como a PEGI,
monitorar a precisão usando as ferramentas que a IARC lhes dá. Segundo um porta
voz da IARC, com o grande volume de jogos e aplicativos publicados, as
autoridades de classificação participantes não conseguem monitorar cada
lançamento, ou seja, muitas avaliações não são verificadas por ninguém.
Eles
acabam verificando com maior cuidado jogos e aplicativos que recebem muitos
downloads durante um longo período, e, mesmo assim, o Drive Die Repeat – Zombie
Game, lançado em 2016 e com mais de 100.000 instalações possuía PEGI 7. O
jogador tinha que derrubar zumbis com seu carro, consequentemente, era um jogo
que envolvia muito sangue e após ter recebido críticas sobre a classificação,
passou a ter PEGI 12.
No
iOS, o mesmo jogo sempre teve uma classificação de 12+. A Comissária
Infantil da Inglaterra, Anne Longfield, comentou que o volume de jogos que
estão sendo enviados não deve ser usado como uma desculpa para permitir que os
jogos sejam classificados incorretamente.
Outros exemplos...
Um
porta voz da Google relatou que ao descobrir que um aplicativo violou as
políticas impostas por eles, foi removido imediatamente da Google Play, pois
querem que as crianças estejam seguras on-line e disse que estão se esforçando
para protegê-las. No entanto, como suas ferramentas de filtragem de conteúdo
são quase inúteis, fica um pouco difícil cumprir essas falas.
O jogo
Baby Panda Dental também é um ótimo exemplo de classificação indevida, uma vez
que o jogador arranca os dentes de forma bem grosseira e apresenta bastante
sangue. Já o jogo Guns, é um simulador de tiro e arma de fogo PEGI 3, e possui
mais de 50 milhões de instalações, não há sangue, mas as imagens e os sons das
armas quando puxa o gatilho, são detalhados e realistas.
Fonte: Google Play Store
Explicações
de especialistas
As
classificações etárias em jogos, filmes e programas de televisão existem porque
a violência em contato com as crianças gera diversas consequências cognitivas,
emocionais e comportamentais. Caroline Fitzpatrick, professora assistente de
psicologia da Universidade de Sainte-Anne, afirma que os jogos que recompensam
os jogadores por comportamento violento, provavelmente terão um efeito
devastador no desenvolvimento das crianças pequenas.
Não só ela, mas
também o psicólogo clínico Abigael San acrescenta que, embora uma criança não
faça necessariamente algo perigoso só porque viu em um jogo, é importante não
cercar crianças com exemplos de coisas não queremos que imitem ou sigam dicas
emocionais.
Além das
avaliações que acabam ajudando os pais a evitar exposição de seus filhos a
conteúdos inapropriados, vale lembrar que tem a ferramenta Family Link da Google Play, podendo
limitar alguns dados que o Google armazena sobre o seu filho. Para utilizar,
basta criar uma conta e permitir que suas atividades sejam acompanhadas. E,
para denunciar aplicativos classificados incorretamente, você pode usar o formulário de contato da PEGI.
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