Harry Potter é uma das franquias mais
rentáveis de todos os tempos, sobrevivendo com produções para o cinema, teatro
e, claro, videogames. O bruxo mais famoso da cultura pop pode não ter ganho um
lugar de destaque no mundo trouxa dos games, mas isso pode mudar em breve.
Isso porque a franquia vai ganhar
ainda neste ano um novo título para Android e iOS. Harry Potter: Wizards Unite é
a nova empreitada da Niantic,
desenvolvedora de Pokémon Go,
agora no universo do bruxo.
De cara, já é preciso dizer: mesmo
usando muito das tecnologias e ideias já presentes em outros games da
desenvolvedora, Wizards Unite traz
muitas novidades, além de uma proposta bastante interessante.
O Canaltech foi
convidado pela WB Games San Francisco a conhecer o estúdio da Niantic na cidade
californiana e colocar as mãos pela primeira vez em uma versão prévia do game.
Antes de mais nada, é preciso dizer
que este teste foi feito com uma versão não-finalizada do jogo em um ambiente
bastante controlado. No grupo de jornalistas, fomos conduzidos por um caminho
já preestabelecido pela Niantic, em um cenário roteirizado.
Também não foi permitido que
filmássemos ou tirássemos fotos da tela, nem mesmo screenshots, sendo que todas
as imagens deste texto foram cedidas pela própria equipe de comunicação de
ambas companhias.
Desenvolvimento
Harry Potter: Wizards Unite começou a ser feito logo após o
sucesso de Pokémon Go, lançado
pela Niantic em julho de 2016. De lá para cá, ambas companhias passaram a
desenvolver novas tecnologias e possibilidades para o título baseadas em três
pilares.
O primeiro é o de manter o caráter
exploratório do título. Assim como em Pokémon Go,
o game leva o jogador a andar pela sua cidade com o celular na mão, interagindo
com pontos importantes de territórios próximos.
Mapa é
parecido com o de Pokémon Go (Foto: Diculgação/WBGames)
Junto
disso, vem o segundo ponto: o de fazer com que o usuário se exercite. Já o
último ponto é focado em comunidade, em fazer com que os jogadores se unam e
compartilhem experiências em conjunto.
Do que se
trata?
Harry
Potter: Wizards Unite se passa
nos dias de hoje dentro do universo da franquia. Os jogadores vão viver um
recruta da Força-Tarefa do Estatuto de Sigilo (uma parceria entre o Ministério
da Magia e a Confederação Internacional dos Bruxos). O motivo de se contratarem
novos bruxos para o trabalho é a iminência da Catástrofe, em que o mundo bruxo
está começando a ser exposto para o mundo dos trouxas.
Aliás,
vale lembrar que J.K. Rowling, criadora da série, não participa da produção
deste game, o qual é licenciado pelo selo Portkey Games, voltado a liberar a
propriedade intelectual para jogos.
Tudo isso
funciona de pano de fundo para ambientar o jogador em um universo no qual ele
terá de lutar contra anomalias para que as pessoas normais não descubram o
mundo bruxo.
Assim,
quando você iniciar o game, poderá criar sua identificação no Ministério da
Magia, com nome, foto e, claro, a qual casa você pertence.
O jogo
também tem um sistema de “classes” em que você pode escolher ser um Auror,
trabalhando direto com o ministérios; um Professor, focado no ensinamento e
estudo de magias; ou mesmo um Magizoologista, uma espécie de historiador do
universo mágico, mundo também de habilidades de poções e botânica.
Criado seu
personagem com um avatar que pode ser personalizado com a sua foto, já é
possível sair pelo mundo interagindo com tudo que há nele. À primeira vista, a
interface lembra bem a de Pokémon Go.
Jogador pode
escolher a profissão (Foto: Diculgação/WBGames)
O jogador
será apresentado ao mapa baseado em sua localização, com alguns pontos com que
pode interagir e edifícios mágicos. Vamos a eles primeiro.
Basicamente,
existem três locais diferentes que um bruxo pode visitar em Wizards
Unite. O primeiro é a pousada, onde o jogador poderá se alimentar com
pratos típicos do universo de Harry Potter (prepare-se para
aquela cerveja amanteigada). Eles servem para repor a barra de energia do seu
personagem, utilizada para que você possa soltar as magias de sua varinha.
O outro
lugar com que se pode interagir são as estufas. Aqui, você pega itens para serem
usados em preparações de poções e outros tipos de objetos que podem ser
criados. Esses itens podem ser usados antes ou durante uma luta para recuperar
vida, energia ou modificar temporariamente parâmetros como força e velocidade.
Por fim, o
jogador também pode encontrar fortalezas, as quais podem ser exploradas em
caráter multiplayer em servidores locais. Este aspecto será esmiuçado mais a
frente neste texto.
Além
desses locais, o jogador também pode interagir com as calamidades, tipo de ação
mais importante do game. A ideia é que se você encontrar uma anomalia ou
ameaça, precisará colocar as coisas no lugar.
Nos nossos
testes, por exemplo, encontramos o próprio Harry Potter sendo atacado por um
dementador e foi preciso salvá-lo. Contudo, você também pode se deparar com
inimigos soltos ou animais fantásticos e precisar escondê-los novamente do
mundo dos trouxas.
As
batalhas
O mais
interessante deste novo game é, de fato, a forma como você enfrenta as ameaças.
Munido de sua varinha, é preciso realizar as magias para resolver os problemas
e isso não é tão simples assim.
No caso do
dementador e Harry Potter, por exemplo, é necessário que você convoque seu
patrono. Nesse momento, aparece na tela um movimento que você precisa fazer com
os dedos para realizar a magia.
Em uma primeira vez, fiz o desenho na
tela de forma displicente, mas só depois percebi que, quanto mais próximo do
indicado o movimento, melhor ele sai. Assim sendo, para vencer em Wizards Unite é necessário
precisão.
Esta minúcia é um detalhe que
modifica completamente a jogabildade. Isso porque cada inimigo tem um nível de
dificuldade, e realizar as sequências de golpes de forma precisa pode definir
se você vai ou não conseguir vencê-lo.
Além disso, ser minucioso com o
movimento da varinha tem muito a ver com toda a narrativa de Harry Potter. Afinal, quem não se
lembra da cena em que Hermione explica a pronúncia correta da magia wingardium leviosa?
Lembra
(Foto: Tenor)
Sob esta
ótica, em meio aos testes, perguntei aos desenvolvedores se eles tinham alguma
perspectiva de adicionar reconhecimento de fala no título ou mesmo usar o
sensor de movimento dos smartphones para conjurar as magias. Isso até foi
pensado no desenvolvimento, mas abandonado, pois poderia dificultar muito a
jogabilidade e, assim, diminuir a quantidade de pessoas que poderiam se
interessar pelo título mobile.
Realidade
aumentada
O meu
teste foi todo acompanhado por Alex Moffit, gerente de produto da Niantic. Ele
explicou todas as novidades do título e prometeu pelo trajeto que haveria uma
surpresa final. “Como diria Steve Jobs: “tem uma coisa a mais”, brincou.
Trata-se
de uma nova ferramenta de Harry Potter: Wizards Unite que
brinca com a ideia da chave de portal. Quem não está tão familiarizado com a
série, as chaves de portal são objetos que podem ser usados para ativar a
ligação entre locais, criando entre eles um portal.
Na medida
em que se progride pelo mundo, você pode conseguir uma destas chaves e criar um
portal: no caso de testes, era uma bota, como aconteceu nos livros.
Portal sendo
aberto no mundo em realidade aumetada (Foto: Divulgação/WBGames)
O
interessante é que a empresa conseguiu trabalhar muito bem a ferramenta de
realidade aumentada, de forma que você pode criar um portal na sala da sua
casa, por exemplo, e caminhar até ele.
Nos
testes, abri uma passagem no porto em frente à Niantic, em São Francisco, pelo
qual pude andar e “entrar” em um universo de realidade aumentada para a loja
Olivaras, onde os personagens da série compram suas varinhas.
Aqui, peço
uma licença para um relato pessoal. Uns seis meses atrás, viajei ao parque da
Universal, em Orlando, onde há uma réplica do Beco Diagonal, onde fica a loja
de varinhas.
As
sensações de entrar em uma loja física baseada na série e também pela versão em
realidade aumentada pelo Wizards Unite foram muito
similares. Ou seja, é uma ferramenta que traz uma imersão muito grande, com um
toque bastante mágico de parque de diversão para dentro do jogo da Niantic. De
fato, essa foi a cereja do bolo desse teste. Infelizmente, não foi possível
gravar a experiência
Outro
ponto de realidade aumentada muito bem aproveitada são os novos kits de
desenvolvimento que permitem recursos inéditos. Um deles é que, agora, os
jogador pode dar a volta no objeto, observando todas as facetas dele.
Embora Pokémon Goutilize realidade aumentada, ainda não era
possível, por exemplo, ver as costas de um Pokémon.
Essa é a diferença aqui.
Questionei Moffit sobre se outras
ferramentas de ARKits seriam usadas aqui, por exemplo, como a de dois usuários
poderem compartilhar de uma mesma projeção em realidade aumentada. O gerente de
produtos informou que há estudos sobre isso, mas que não pode dar mais exemplos
por enquanto. Contudo, o desafio é fazer com que o jogo tenha bastante
possibilidades sem que isso limite os aparelhos compatíveis com todas as
tecnologias presentes ali.
Vale reparar ainda que, assim como
acontece em Pokémon Go, é
possível aproveitar todo o jogo mesmo que o seu smartphone não seja compatível
com realidade aumentada.
Multiplayer
Um dos pilares de Wizards Unite é exatamente a
junção entre os jogadores. Pois bem, ele vai ter um caráter multiplayer,
inserido nas fortalezas. Aqui, até 5 pessoas vão poder colaborar entre si para
derrotar um grupo de inimigos nas masmorras e pegar os itens com experiência. A
ideia é bem simples, mas se mostrou bastante interessante nos testes, sendo que
parte importante da estratégia de vencer nos níveis mais difíceis possa ser
sincronizar o que será feito em equipe. Ou seja, forçar a interação entre os
participantes.
Dificuldades
Vale perceber que a Niantic, junto
com a WB Games, está dando muito mais atenção para a versão de lançamento de Wizards Unite do que para a de Pokémon Go. Quem se lembra do app dos
bichinhos de bolso lá em 2016 pode se recordar que ele chegou ao mercado
bastante cru, com poucas ferramentas e um polimento bastante ruim.
Pela versão em primeira mão,
percebe-se que há muito mais cuidado, recheio e polimento aqui. O game já está
com muita coisa a se fazer, ler, acompanhar e batalhar.
Isso talvez aconteça por conta da
principal desvantagem que a franquia Harry
Potter tem com Pokémon:
ela não aflora tanto o colecionismo de pegar todas as centenas de monstrinhos.
A Niantic sabe disso e já tentou
empurrar este sentimento no novo título. O jogador vai contar com um caderninho
no qual pode colar adesivos de criaturas com as quais já interagiu ou
personagens icônicos da série que já ajudou, como Hagrid, Harry, Dumbledore e
outros.
Isso pode instigar a pulguinha do
colecionismo dos mais apaixonados por Harry Potter,
mas dificilmente terá a mesma penetração que é caçar todos os pokémon em Go.
Outro fator limitante de Wizards Unite é
o quão regional ele vai ser. Embora a série Animais
Fantásticos no cinema ainda explore um pouco de outras
localidades como Estados Unidos e França, é preciso reconhecer que Harry Potter é uma franquia
genuinamente britânica em todas as suas características.
Por outro lado, os games da Niantic
usam da geolocalização do usuário para passar a ideia de que todo enredo está
passando no quintal de sua casa. Assim sendo, encontrar Pokémon pelo centro de
São Paulo pode parecer mais crível do que dar de cara com um personagem de
cachecol e sobretudo no verão brasileiro.
Claro que isso é apenas um detalhe,
de forma que a cultura britânica de Harry
Potter nunca foi um empecilho para fãs brasileiros.
Contudo, questionei Mary Casey,
diretora executiva da WB Games San Francisco e responsável pelo enredo do game,
sobre se haveria algum tipo de localização de conteúdo por países. Ela mesma
assumiu que gostaria que isso acontecesse, mas que é bastante difícil pensar em
produções para cada um dos locais do mundo, mesmo que seja para grandes
mercados, como o Brasil.
Tem potencial?
Diante do que as empresas
apresentaram neste primeiro momento, Harry Potter:
Wizards Unite tem tudo para ser uma nova febre entre os
jogos de smartphone. Contudo, diante das limitações culturais e de
colecionismo, pode ser que não seja aquela loucura que foi no lançamento de Pokémon Go.
Contudo, este novo título já se
mostra com muito mais conteúdo, possibilidades e ferramentas que seu
antecessor. Wizards Unite também aproveita o Niantic
Real World, a plataforma de mapeamento por geolocalização da desenvolvedora.
Isso quer dizer que ele já chega com locais de destaques e mapeamento mais
aprimorado do que Pokémon Go.
Outro ponto é que Wizards Unite também
se mostra mais interessante e desafiador de jogar, atraindo também quem gosta
de uma jogabilidade mais profunda.
Jogo tem
registros como colecionáveis (Foto: Diculgação/WBGames)
Diante
disso, é possível que ele seja o próximo grande sucesso da Niantic, mesmo sem
ser o fenômeno que foi Pokémon Go.
A notícia
triste é que ele ainda não tem data de lançamento confirmada, apenas com a
informação de que chega ainda neste ano, tanto para Android quanto para iOS.
O título
também será lançado em 17 línguas, entre elas, o português brasileiro. Aliás, o
game não terá a voz dos atores originais, sendo totalmente dublado também na
versão em inglês.
Perguntados
sobre se ele teria um lançamento mundial ou se seria por regiões como aconteceu
com Pokémon Go, a resposta foi que ainda não podem garantir nada.
Assim,
vale esperar este ano, quando nós, trouxas, vamos poder ter o gostinho de ser
um bruxo nos smartphones.
Fonte: CANALTECH
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