Mais de 15 mil manifestantes, segundo
dados coletados por diversas ONGs, se reuniram em pelo menos quatro cidades da
Rússia a fim de protestar contra as restrições mais intensas de acesso à
internet impostas pelo governo de Vladimir Putin. De acordo com a organização
White Counter, especialista em contar volume de manifestações ao redor do mundo,
as cidades de Moscou, Voronezh e Khabarovsk, bem como São Petersburgo, reuniram
cerca de 15,3 mil pessoas. A polícia de Moscou alegou “apenas” 6,5 mil, embora
não esclareça se isso é o valor total das quatro cidades ou apenas da capital.
Cidadãos que protestam contra a
medida alegam que ela vem, gradativamente, isolando a Rússia do resto do mundo,
temendo, segundo alguns manifestantes, que “o ponto sem retorno esteja se
aproximando”. O governo russo justifica a medida como “proteção à política
intervencionista e de influência estrangeira contra a política interna”.
Ainda segundo a White Counter, cerca
de 15 pessoas foram detidas pelas autoridades em Moscou, havendo também o
confisco de banners e faixas. A polícia não confirma as informações da ONG.
Vale citar: os protestos em Moscou, Voronezh e Khabarovsk foram sancionados e
autorizados pelo governo; São Petersburgo, porém, apresentou aglomerações de
pessoas sem autorização à manifestação.
Manifestações
na Rússia se mostram contrárias a novas legislações de controle à internet no
país (Foto: Igor Russak/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Entenda o
caso
O governo
russo, chefiado pelo presidente Vladimir Putin, vem há anos criando
impedimentos de acesso a certos sites e serviços pela internet. O app de mensagens Telegram, por exemplo, é
inacessível no país. Além disso, o Kremlin vem passando legislações que remetem
à edição de serviços comuns em outros países: mecanismos de busca têm a
exigência de deletar certos resultados, conforme demanda governamental;
serviços de mensagens também têm requisitadas chaves de criptografia, que devem
ser compartilhadas com agências policiais junto dos dados de seus usuários.
Neste
último episódio, o governo aprovou a primeira instância de uma nova lei que
prevê o redirecionamento de tráfego por pontos de controle controlados por ele,
além de propor a criação de um DNS nacionalizado que permitirá à internet local
continuar funcionando mesmo que a Rússia seja cortada (ou se retire) da
infraestrutura globalizada. Ativistas acusam a medida de ser “isolacionista”.
Pela
legislação russa, uma nova lei só passa a valer plenamente após aprovação em
duas ou mais instâncias: a primeira leitura, aprovada, ocorreu ao final de
fevereiro. A segunda leitura está prevista para algum dia deste mês de março e,
posteriormente, o projeto deverá ser assinado por parlamentares do primeiro
escalão e só então o presidente Vladimir Putin a sancionará.
Fonte: Venture Beat
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