Não é novidade que a Estação
Espacial Internacional (ISS) está em risco — ao menos na parte
norte-americana da estrutura. No ano passado, o governo dos Estados Unidos
anunciou que pretende privatizar a ISS, com o corte no orçamento governamental
destinado à estação acontecendo até 2025. Ainda, a ISS é capaz de operar, sem
grandes manutenções, até 2028, apenas, quando muitos dos componentes
necessários para seu funcionamento atingirão o fim de suas vidas úteis até lá.
Contudo, no que depender da parte russa da ISS, a estação (ou uma parcela dela)
continuará funcionando.
Dmitry Rogozin, diretor-geral da
Roscosmos (a agência espacial russa), disse a um grupo de jornalistas em Moscou
que a agência preservará a ISS na órbita e funcionando mesmo que o lado
americano se retire do projeto. "Esta é a proposta da Roscosmos.
Acreditamos que podemos manter a estação caso os americanos decidam se retirar
deste projeto, através de outros países e parceiros. Temos capacidades
tecnológicas e técnicas para manter a estação em órbita e fornecer totalmente
energia elétrica. energia e água lá ", disse.
Ele também explicou
que a seção russa da estação pode adicionar novos módulos, lembrando que o
módulo Science-Power Module (SPM) terá sua primeira versão lançada à ISS em
2022. "Podemos duplicar o SPM, o seu design torna possível transformá-lo
em casa para outros estados, pode haver o SPM-2, SPM-3, SPM-4, e eles podem
crescer ainda mais, estendendo a parte internacional da estação ", disse
Rogozin.
As partes do
Russian Orbital Segment (ROS), parte russa da ISS, em sua configuração de 2011
(Imagem: Wikipedia)
Atualmente,
quatorze países participam da ISS: Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão e 10
Estados europeus que fazem parte da ESA (Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Espanha,
Itália, Holanda, Noruega, França, Suíça e Suécia). A operação da estação,
quando ela foi lançada inicialmente em 1998, previa que o encerramento
acontecesse entre 2015 e 2016. Contudo, o prazo foi prolongado para 2020 em uma
reunião que aconteceu em 2014, sendo que depois disso as nações envolvidas
concordaram que seria possível operar a ISS pelo menos até 2024. Por isso
mesmo, os EUA avisaram que a ideia é cortar o orçamento estadunidense para a
estação até 2025, um ano depois desse último prazo.
Depois
disso, ainda é incerto o futuro da ISS. Se os EUA privatizarem suas seções da
estação, ela pode continuar "viva" com o financiamento das empresas
privadas, que, de repente, poderiam iniciar um programa turístico para lá a fim
de viabilizar essa empreitada financeiramente. Caso isso não aconteça, também
não está claro como a Rússia conseguiria manter sua fatia da ISS em
funcionamento.
É
que com o avanço do
Commercial Crew Program da NASA,
com o qual a agência espacial passará a contar com a Boeing e a SpaceX no
envio de astronautas à ISS a partir do ano que vem (ou seja, deixando de pagar
as dezenas de milhões de dólares por cada assento na nave russa Soyuz, que vem
fazendo esse transporte aos norte-americanos desde 2011), o programa espacial
russo verá muito menos dinheiro entrando para manter seus projetos em dia (o
que inclui a ISS). O país já vem sentindo as primeiras consequências dos
avanços da SpaceX com seus foguetes reutilizáveis — e com um orçamento cada vez
menor para as atividades espaciais, fica a questão no ar de como a Rússia vai
conseguir assumir a ISS, se os EUA ficarem mesmo de fora, já que operar a
estação custa mais do que todo o orçamento anual que a Roscosmos recebe para
operar.
Talvez
isso aconteça com o turismo espacial,
com a Rússia vendendo ingressos caríssimos para pessoas comuns e endinheiradas
visitarem a ISS. Resta acompanhar o desenrolar dessa história nos próximos anos
para descobrirmos se a ISS realmente está com os dias contados, ou se ainda há
uma luz no fim do túnel.
Fonte: TASS
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