sexta-feira, 22 de março de 2019

Cientistas dão primeiro passo para criar telas que se consertam sozinhas



A água-viva nunca foi de despertar muitas paixões pelo mundo, mas o animal se tornou inspiração para cientistas que criaram uma pele eletrônica sensível ao toque, elástica e autocurativa. No futuro, a tecnologia poderá ser usada para fabricar telas sensíveis ao toque que se autorregeneram, eletrônicos à prova d'água e até mesmo robôs maleáveis. 

O material foi criado pelos cientistas da Universidade Nacional de Singapura e divulgado pela revista Nature Eletronics na última quinta-feira (14). "Nós nos perguntávamos como poderíamos fabricar um material artificial que imitasse a natureza resistente das águas-vivas e que também fosse sensível ao toque", contou o líder do estudo, Benjamin Tee, em um comunicado.

A criação está sendo apelidada de GLASSES, que é a abreviação do nome do material em inglês. Os cientistas chegaram ao resultado após misturar um plástico elástico molhado em um líquido iônico de flúor em um gel. Quando combinados, os polímeros e o líquido interagem para promover a autocura – o processo pode ser induzido em ambientes aquáticos, bem como em locais ácidos ou alcalinos, úmidos ou secos.

Mesmo se a pele for cortada ou rasgada, o material consegue recuperar sua condutividade elétrica em questão de minutos — e se recompor novamente em poucos dias. E a pele também serve como condutora, o que significa que pode responder ao toque, alongamento e esforço. 

Os pesquisadores sugerem que isso poderia facilitar novos métodos de interação com robôs softs, um campo emergente da robótica relacionado com a construção de robôs a partir de materiais mais maleáveis ​​e flexíveis do que o metal sólido. Os pesquisadores conseguiram demonstram a sensibilidade ao toque da GLASSES com clássico jogo Snake, a Cobrinha aqui no Brasil.


O professor Tee diz que o maior desafio foi criar um material com propriedades resistentes à água e que também detectasse o toque de forma eficaz quando molhado — uma exigência para telas sensíveis ao toque de dispositivos móveis, por exemplo.

"Muitos materiais de autocura hoje não são transparentes e não funcionam eficientemente quando molhados", disse Tee. "Essas desvantagens as tornam menos úteis para aplicações eletrônicas, como as telas sensíveis ao toque, que geralmente precisam ser usadas em condições climáticas úmidas".

Segundo a equipe, uma pele autocurativa também poderia gerar efeitos positivos ao meio ambiente. Estima-se que entre 20 e 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico sejam produzidas por ano – a quantidade poderia ser reduzida com dispositivos com função de regeneração.

"Milhões de toneladas de lixo eletrônico de aparelhos como celulares quebrados ou tablets são gerados globalmente a cada ano", diz Tee. "Esperamos criar um futuro em que dispositivos eletrônicos feitos de materiais inteligentes possam realizar funções de autorreparo para reduzir a quantidade de lixo eletrônico no mundo".


Fonte: CNETZDNet

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