A água-viva nunca foi de despertar
muitas paixões pelo mundo, mas o animal se tornou inspiração para cientistas
que criaram uma pele eletrônica sensível ao toque, elástica e
autocurativa. No futuro, a tecnologia poderá ser usada para fabricar telas sensíveis
ao toque que se autorregeneram, eletrônicos à prova d'água e até mesmo robôs
maleáveis.
O material foi criado pelos
cientistas da Universidade Nacional de Singapura e divulgado pela revista
Nature Eletronics na última quinta-feira (14). "Nós nos perguntávamos como
poderíamos fabricar um material artificial que imitasse a natureza resistente
das águas-vivas e que também fosse sensível ao toque", contou o líder
do estudo, Benjamin Tee, em um comunicado.
A criação está sendo apelidada de
GLASSES, que é a abreviação do nome do material em inglês. Os cientistas
chegaram ao resultado após misturar um plástico elástico molhado em um
líquido iônico de flúor em um gel. Quando combinados, os polímeros e o líquido
interagem para promover a autocura – o processo pode ser induzido
em ambientes aquáticos, bem como em locais ácidos ou alcalinos, úmidos ou
secos.
Mesmo se a pele for cortada ou
rasgada, o material consegue recuperar sua condutividade elétrica em questão de
minutos — e se recompor novamente em poucos dias. E a
pele também serve como condutora, o que significa que pode responder ao
toque, alongamento e esforço.
Os pesquisadores sugerem que isso
poderia facilitar novos métodos de interação com robôs softs, um campo emergente da robótica
relacionado com a construção de robôs a partir de materiais mais maleáveis e
flexíveis do que o metal sólido. Os pesquisadores conseguiram demonstram a
sensibilidade ao toque da GLASSES com clássico jogo Snake, a Cobrinha aqui no
Brasil.
O professor Tee diz que o
maior desafio foi criar um material com propriedades resistentes à água e
que também detectasse o toque de forma eficaz quando molhado — uma exigência
para telas sensíveis ao toque de dispositivos móveis, por exemplo.
"Muitos materiais de autocura
hoje não são transparentes e não funcionam eficientemente quando
molhados", disse Tee. "Essas desvantagens as tornam menos úteis
para aplicações eletrônicas, como as telas sensíveis ao toque, que geralmente
precisam ser usadas em condições climáticas úmidas".
Segundo a equipe, uma pele
autocurativa também poderia gerar efeitos positivos ao meio
ambiente. Estima-se que entre 20 e 50 milhões de toneladas de lixo
eletrônico sejam produzidas por ano – a quantidade poderia ser reduzida com
dispositivos com função de regeneração.
"Milhões de toneladas de lixo
eletrônico de aparelhos como celulares quebrados ou tablets são gerados
globalmente a cada ano", diz Tee. "Esperamos criar um futuro em
que dispositivos eletrônicos feitos de materiais inteligentes possam realizar
funções de autorreparo para reduzir a quantidade de lixo eletrônico no
mundo".
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