quinta-feira, 10 de outubro de 2019

J.R.A.FOTO-CRÍTICA: CORINGA


Por João Ramiro Antunes

O vilão mais icônico do universo das histórias em quadrinhos, criado à quase 80 anos, ganha um filme solo e se torna um dos projetos mais aguardados do ano. 
Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. 
Circunstâncias acabam o levando a matar três pessoas e os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu representante. Desconsiderado pela sociedade, Fleck começa a ficar louco e se transforma no criminoso conhecido como Coringa.
Depois de tanta polêmica envolto desse filme, alvoroço em massa, e o endeusamento fora do comum dos "fãs", algo muito parecido com o que aconteceu com Logan de 2017, acredito que essa obra seja pra dois tipos de fãs do personagem.
Os fãs de verdade, aqueles que gostam de fidelidade e não renegam nenhum aspecto de sua criação, e os "fãs" de verdade que gostam de fidelidade, mas se mexer em qualquer aspecto, pra ele tá bom e aceitável. Eu por exemplo, diria que sou um pouco dos dois, mas me identifico bem mais com os fãs sem aspas. 
Dito isso, vamos começar falando da direção do Tod Phillips, que também assina o roteiro ao lado de Scott Silver. Phillips faz um bom trabalho na hora de nos situar nessa Gotham do final dos anos 70, focando no cotidiano, sujo e difícil dessa cidade perigosa.
A fotografia é boa, reforçando aquele ar quase oitentista, com o uso de bastante cores vibrantes, em meio uma silhueta escura e sombria que moldam os lugares e ruas, deixando explicito diferenças sócio econômicas daquele povo, com a elite e  show business em alta, e os serviços sociais beirando a falência pros demais, tudo pra parecer o mais realista possível pra fazermos o paralelo certo com a nossa realidade.
A interpretação do Joaquim Phoenix está excelente, ficando visível toda sua doação e dedicação ao personagem, com sua magreza, trejeitos e risada. Temos uma hora e meia de construção do Coringa dele, com bastante nuances bem trabalhadas, gradativamente crescente e com muita fisicalidade em tela.
A única coisa que não curti foi sua caracterização, acho fraca sem inspiração, mesmo entendendo o propósito "realista" da coisa, afinal só um cara com a cara pintada, pra mim não é o Coringa, acredito em algo mais específico visualmente falando, pra torná-lo único.
No elenco de apoio temos o sempre bem Robert De Niro, que aqui representa a mídia, em sua maior parte, pútrida e astuta, sugando o máximo que pode em benefício próprio.
Zazie Beetz a Dominó de Deadpool 2, está Ok no papel de vizinha, assim como Brett Cullen fazendo sua versão de Thomas Wayne. 
Sobre a trama, não gostei de algumas liberdades criativa com o roteiro, o foco do mal dado, o modo que Thomas foi representado, acho errado, menos ainda do viés político e ideológico embutido. Para com Wayne, se tivessem deixado claro, que era no ponto de vista do Coringa, algo como o vilão enxerga o herói, seria até aceitável mas não, é aquilo mesmo, então me incomodou e muito.
Sendo sincero, as maldades do protagonista/antagonista me soaram previsíveis, perdendo um pouco o impacto que deveria, já as referências as hqs da Piada Mortal do Alan Moore e ao Cavaleiro das trevas de Frank Miller (a entrevista na tv) são bem legais. 
Sendo ainda mais sincero, não fiquei surpreso com a interpretação do Phoenix, pois este já entregou grandes atuações como no aclamado ELA de 2013 por exemplo, então é algo que já se espera. Tendo total ciência, de que são visões completamente divergentes do mesmo personagem, não tenho receio algum em dizer que o "Boom" no arqui-inimigo do Homem Morcego foi dado com heath Ledger, esse sim foi uma revelação vindo de filmes colegias adolescente.
Mesmo não me agradando muito, acho que no fim das contas, um filme com duas horas de duração, sem Batman como contra ponto, até que o longa se sai bem, apesar de saber que um não existe sem o outro, assim como o excelente texto da cena do interrogatório no Cavaleiro das Trevas deixa mais que claro, além de ser mais Coringa que esse, mesmo dividindo tempo de tela com o Duas Caras, na minha humilde opinião.
Coringa é um estudo minucioso da mente do palhaço do crime, é tenso, tem atuação visceral e complexa, é menos violento que imaginava, bem dirigido, com estética interessante, combate o mal com o mal, mas não me peguei torcendo por ele, pois suas explicações e razões deixam em evidência quão errática são suas ações. 
Esse não é o melhor filme do ano, muito menos a obra prima como muitos dizem, mas tem como verdadeiro triunfo uma atuação inquestionável, que está acima de seu produto final.
NOTA: 7,0/10

Assista o Trailer:


Ficha técnica completa

TítuloJoker (Original)
Ano produção2019
Dirigido por
Estreia
3 de Outubro de 2019 ( Brasil )
Outras datas 
Duração122 minutos
Classificação 16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Países de OrigemEstados Unidos da América

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