Por João Ramiro Antunes E se o
Superman fosse mal? Essa foi a proposta do terror Brightburn - Filho das Trevas
lançado em 23 de maio desse ano nos cinemas, e que acaba de ficar disponível pra
home vídeo.
Uma criança alienígena cai no terreno de um casal da parte rural dos
Estados Unidos e eles decidem criar o menino como seu filho. Porém, ao descobrir
seus poderes, ao invés de se tornar um herói, ele passa a aterrorizar a pequena
cidade onde vive. Qualquer semelhança nessa história não é mera
coincidência, pois o diretor David Yarovesky e o produtor James Gunn (Guardiões
da Galáxia) deixaram isso bem claro nos trailers.
Os roteiristas Brian Gunn e
Mark Gunn usam a mitologia do Kryptoniano para contar essa macabra história do
garoto Brandon Breyer interpretado pelo ator mirim Jackson A. Dunn que faz um
bom trabalho aqui. Mesmo com expressões meio apáticas, acredito eu, serviu para o
personagem, passando a mensagem certa de que há algo muito errado com aquele
garoto, e que ele é "especial" como seus pais dizem.
Falando neles, sua
mãe Tori Breyer (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman), estão muito
bem, ela como uma mãe amorosa, dedicada e com senso materno de proteção muito
real e autêntico.
E ele o pai, apesar de demonstrar menos, enxergando as coisas
mais com racionalidade do que com sentimento, o que é importante pra
situação. Assim também, vale mencionar os tios do garoto bem retratados pelos
atores Matt L. Jones e Meredith Hagner. O filme tem uma produção Ok, apesar do
investimento, deveras baixo de 20 milhões de dólares, para os padrões
Hollywoodianos, mesmo deixando efeitos visuais meio, como eu posso dizer...menos
polidos. Mas em algumas cenas até surpreendem, principalmente no excelente
trabalho de make up na hora da violência gore, que me fizeram contorcer na
cadeira.
Então pensando como um todo, diria que foi um bom investimento da pouca
grana. Fazendo jus ainda nos oferecendo alguns takes inventivos, fotografia
sombria com um bom uso da cor vermelha, um design de produção interessante, como
no "uniforme" do menino, que é simples, mas que fica bem em cena, dando
o ar de medo que precisa.
Talvez o único e real defeito esteja no roteiro. Por
ser uma cópia quase exata do Superman, torna-o clichê, pois sabemos seus
poderes, o momento que vai descobrir e até mesmo usar, diminuindo bastante a
graça da experiência.
Fora algumas tomadas bem manjadas do gênero, com alguns
conceitos e jump scare previsíveis, e as facilitações de roteiro, com algumas
reações inverossímeis de personagens. Mesmo assim, acho que funcionou com a
proposta estabelecida por seus idealizadores, entregando um filme honesto e
operante, com algumas idéias legais e sinistras com um garoto como protagonista.
Brightburn - Filho das Trevas é um drama/terror melhor que imaginava, tem boas
atuações, tentativa válida de mescla de gêneros, deixa gancho promissor em
algumas cenas durante os créditos, mas que infelizmente creio que não veremos
fluir, pois com uma bilheteria total de 34 milhões, é bem improvável.
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