Pense
cá conosco: existem inúmeros registros de erupções vulcânicas
violentas que ocorreram ao longo dos milênios e que provocaram
quedas nas temperaturas no planeta – como foi o caso do Krakatoa,
por exemplo, que explodiu no final do século 19 e lançou uma
quantidade de detritos na atmosfera estimada em 45 quilômetros
cúbicos que se espalharam por uma imensa área e fizeram com que as
temperaturas caíssem em mais de 1 °C em todo o mundo por pelo menos
5 anos. Então, e se replicássemos erupções como essas para
combater o aquecimento global?
Camada refletora
O
que as erupções colossais fazem é que, ao lançar gigantescas
quantidades de material na atmosfera, as partículas acabam formando
uma camada que reflete parte da luz solar de volta ao espaço,
impedindo que ela chegue à superfície, o que, por sua vez, resulta
na redução das temperaturas.
(Fonte: Wikimedia
Commons / USGS / Dave Harlow / Reprodução)
Na
verdade, existem inúmeros projetos de geoengenharia que se baseiam
no princípio de liberar material particulado na atmosfera para
bloquear a passagem dos raios solares.
Mas, será que essas
iniciativas seriam tão eficazes quanto as erupções vulcânicas na
hora de reduzir as temperaturas do planeta e combater as variações
climáticas resultantes do aquecimento global? E mais: e se fosse
possível “fabricar” um vulcão para que pudéssemos replicar os
mesmos efeitos de uma erupção colossal natural quando necessário?
Uma equipe formada por cientistas norte-americanos e chineses
resolveu testar essas possibilidades.
Editando o clima
É
importante destacar que os cientistas por trás da proposta não
estão realmente sugerindo a construção de vulcão, muito menos que
sejam descobertas formas de provocar erupções violentas quando bem
entendermos. O estudo consistiu na criação de modelos para explorar
e compreender os efeitos de diferentes abordagens para combater o
aquecimento global – para que, assim, possamos contar com mais de
uma alternativa caso as coisas se tornem críticas no planeta.
Aliás,
os pesquisadores explicaram que esperam que jamais seja preciso usar
iniciativas como essas para controlar o clima da Terra, obviamente,
mas é preciso estarmos preparados. Assim, os modelos criados pelos
cientistas testaram quais seriam os efeitos de se liberar material
particulado na atmosfera por um período curto de tempo, como seria o
caso de uma erupção vulcânica, e também por intervalos
prolongados, como seria a abordagem da geoengenharia.
Fonte: Anthropocene
Magazine / Reprodução)
As
duas simulações resultaram em quedas de temperatura no solo, uma
vez que os oceanos demoram mais para resfriar. Contudo, no caso das
erupções, a diferença entre a temperatura do solo e dos oceanos
foi substancialmente maior do que a produzida pelo projeto de
geoengenharia. Por outro lado, embora as 2 opções também tenham
gerado quedas nas precipitações totais – que é um efeito não
desejável –, as erupções causaram maior impacto nos padrões
climáticos e redução mais acentuada nas chuvas.
Basicamente,
os cientistas concluíram que as erupções vulcânicas seriam como
equivalentes imperfeitos dos sistemas de geoengenharia e aconselharam
que os projetos sejam tratados com muita cautela – para não se
extrapolar os resultados e, em vez de solucionar um problema, criar
outros. E os pesquisadores também deixaram bem claro que, para
combater o aquecimento global e as mudanças climáticas, antes de
interferir com a atmosfera ou tentar construir vulcões, a melhor
alternativa ainda é a redução das emissões de gases de efeito
estufa.
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