A boneca Momo voltou a tocar o
terror pela internet. A imagem viral de uma estátua japonesa, que
vem acompanhada de um desafio que promove o suicídio de crianças, supostamente
já fez vítimas inclusive no
Brasil. Mas por que essa imagem nos causa tanta repulsa? A resposta
está na ciência.
O pessoal do Popular Science
conversou com especialistas para entender a estranheza que a foto — que na
verdade é uma estátua chamada "Mother Bird", criada pela empresa
japonesa de efeitos especiais Link Factory — nos causa. E “estranheza” é a
palavra certa, já que tem a ver com uma teoria da robótica e da computação
gráfica chamada “uncanny valley”, ou "vale da estranheza", em
português.
O conceito diz que quanto mais uma
coisa se parece com um humano, mais “fofa” ela fica para nós. Um exemplo são os
animais antropomorfizados dos desenhos animados. Porém, se vão ficando cada vez
mais e mais parecidas com pessoas de verdade, começam a causar uma repulsa. “É
por isso que vemos tantos bonecos de ventríloquo em filmes de terror. É o mesmo
para os zumbis também”, explica o professor de psicologia do Knox College,
Frank McAndrew.
Assim como a Momo, a teoria do vale
da estranheza surgiu no Japão, e foi criada pelo professor Japonês de robótica,
Masahiro Mori, em 1970. A ideia é que robôs como os usados nas linhas de
montagem de carros nos parecem neutros, e quanto mais “humanizados”, mais nos
causam empatia — como o Asimo, da Honda. Se eles vão ficando mais parecidos
ainda com humanos, como as robôs recepcionistas japonesas, ou se movem como
pessoas, como os robôs corredores da Boston Dynamics, nos gera desconforto.
Contudo, esse desconforto seria superado se os robôs se tornassem idênticos aos
humanos, como nos filmes.
Robôs
numa linha de produção, Asimo e a robô recepcionista Aiko Chihira
(Reprodução)
Momo não é um robô, mas se encaixa na
teoria por ser bastante realista. “Quando você vê algo como Momo, ela mobiliza
suas capacidades de atenção”, diz McAndrew. “Você se concentra e tenta
processar aquilo até entende o que é”, completa. Essa incerteza é o que gera o
desconforto, uma vez que nosso cérebro é feito para reconhecer padrões. Momo dá
um “tilt” na nossa cabeça.
“Somos projetados para reconhecer rostos e analisar suas
expressões para decidir rapidamente se podemos confiar neles ou não. Algo assim
[como a Momo] aciona um tipo de modo de erro em nosso cérebro”, afirma a
socióloga Margee Kerr. Quando vemos só o rosto de Momo, a estranheza é maior do
que quando vemos a estátua por completo. “Uma vez que você vê a coisa toda e vê
que ela se parece mais com um monstro, pode realmente diminuir o efeito
assustador”, diz Kerr, que é autora do livro Scream:
Chilling Adventures in the Science of Fear ("Grito: Aventuras arrepiantes na ciência do medo",
na tradução literal).
Fonte: Popular Science
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