Reduzir a
dependência de fontes não renováveis de energia, substituindo-as pela solar já
tem sido uma realidade na Terra. No espaço, a China tem um plano ousado para
obtê-la em larga escala: construir uma usina de energia solar interestelar, que
orbitará a 36 mil quilômetros da Terra. O projeto de se tornar o primeiro país
a colocar a tecnologia em prática foi publicado no Science and
Technology Daily, site de notícias do governo chinês, voltado
para os setores científico e tecnológico.
O país afirma já ter iniciado no
espaço pesquisas sobre a solução desde o final de 2018. A construção da base
experimental da usina está prevista para ser iniciada em 2021, com operação
prevista para até 2025. O cronograma seguinte prevê que até 2030 essa estrutura
aumente a produção em nível de megawatt. Até 2050, espera-se que isso chegue
aos gigawatts.
Fonte: Xinhua News Agency via Pgys.org.
“Uma vez que possa superar a
tecnologia de energia solar espacial, espera-se que isso resolva gradualmente a
crise de energia que a sociedade humana enfrenta e obtenha energia limpa
inesgotável e sustentável”. “Por enquanto, as usinas de energia solar espaciais
são a maneira mais direta e eficaz de desenvolver o círculo econômico espacial
mensal”, afirma a publicação.
Para operacionalizar o projeto, a
proposta inicial de especialistas chineses é a de criar uma “fábrica espacial”.
Nela, os componentes necessários seriam produzidos em impressoras 3D e montados
com a ajuda de robôs espaciais. De acordo com o portal, esse seria o foco atual
da pesquisa em andamento.
Mas tornar o
plano uma realidade não deverá ser fácil para a China. O primeiro desafio está
relacionado com o peso da estrutura da usina interstelar. Para se ter uma
ideia, a Agência Internacional Espacial é a maior construção fora da Terra,
pesando cerca de 400 toneladas. Já a produtora de energia solar, poderia chegar
a dezenas de milhares de toneladas.
A China também deseja transformar
energia solar em elétrica ainda no espaço, a partir de um receptor de
micro-ondas ou a laser, que deve ser alimentado por um sistema instalado na
Terra. Mas ainda está estudando se esse método pode causar algum efeito
negativo sobre a atmosfera terrestre.
O governo
chinês estima que, se o plano der certo, até mesmo áreas muito remotas ou de
difícil acesso poderão ter acesso a energia limpa em casas, comércios e
indústrias. Isso porque a sua captação acontece em 99% do tempo, o que não
seria possível a partir do nosso planeta. A energia solar espacial já tem sido
também usada para alimentar espaçonaves e a Estação Espacial Internacional, e
poderia potencializar o uso desses mecanismos em pesquisas mais aprofundadas.
Outros países também pesquisam
sobre a captação de energia solar fora da Terra
Não é a primeira vez que um país
explora essa tecnologia fora da Terra. O Japão mesmo está há uma década
estudando essa alternativa, chegando a propor a construção de um painel gigante
espacial suspenso por fios presos a uma nave (ver imagem abaixo).
Fonte: Japan Space Systems.
Os Estados Unidos também pesquisam sobre
o assunto através do Departamento de Energia do laboratório do seu programa
espacial. Apesar de abrir espaço para soluções independentes, ainda não
apresentou algo concreto nesse sentido.
A China seria a mais próxima do
grande feito, especialmente depois de ter ampliado a exploração espacial nos
últimos quatro anos. Só para se ter uma ideia, foi o país com o maior número de lançamento de foguetes em
2018, sendo visto como a nova “pedra no sapato” dos Estados Unidos e, em
especial, da SpaceX.
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