A primeira evidência de que a lua Europa lançava vapor de água no espaço foi capturada pelo telescópio espacial Hubble em 2012. Comprovar se esses gêiseres realmente eram de água poderia ser uma questão de abordagem, e foi o que fez um grupo de pesquisadores liderados pelo cientista espacial Hans Huybrighs, da Agência Espacial Europeia (ESA).
Eles revisaram os dados captados do campo magnético da lua pela sonda Galileo em 1997. Com uma simulação, procuraram entender por que foram registrados, nas proximidades de Europa, menos prótons rápidos (partículas subatômicas com carga positiva) do que se imaginava. O que inicialmente pensaram foi que a lua de Júpiter estaria, ela mesma, interferindo no detector da sonda.
Imagens captadas em luz ultravioleta pelo Hubble mostram que as plumas são reais, surgindo ocasionalmente na mesma região de Europa.
Porém, os cientistas descobriram que, na verdade, os prótons rápidos estavam sendo dissipados por uma nuvem de vapor de água lançada no espaço. Essa pluma rompeu a fina atmosfera de Europa e, ao fazer isso, perturbou os campos magnéticos da região, alterando o comportamento e a prevalência dos prótons rápidos na área.
"Essa diminuição especial pode ser explicada por uma pluma em erupção de vapor de água, fornecendo evidências adicionais para uma pluma ativa durante o sobrevoo do Galileo", indica o estudo.
Pilha de evidências
A pesquisa se junta à pilha de descobertas que tornam mais forte o argumento de que Europa abriga água líquida. O Hubble foi o primeiro, em 2012; no ano seguinte, o telescópio foi usado para detectar hidrogênio e oxigênio (os componentes da água) na atmosfera de Europa; 3 anos depois, também foram dele as imagens de possíveis gêiseres, surgindo em silhueta enquanto a lua orbitava em frente a Júpiter.
Em 2019, foi a vez de pesquisadores da NASA aumentarem a teoria. "Água líquida é um pouco difícil de achar fora da Terra. Descobrimos a coisa mais próxima: vapor d'água", disse naquele ano o cientista planetário que liderou a investigação, Lucas Paganini. Os pesquisadores detectaram um jorro de 2,5 mil litros por segundo emergindo de Europa; porém, ele não é frequente — não em quantidade suficiente para ser detectado da Terra.
2 sondas rumo a Europa
A missão da ESA, a Jupiter Icy Moons Explorer (Juice), deve ser lançada em 2022 para coletar amostras diretamente das plumas emergentes da lua joviana a fim de analisar o oceano subterrâneo de Europa. A sonda chegará ao sistema de Júpiter em 7 anos: sobrevoará a Terra (maio de 2023, setembro de 2024 e novembro de 2026), Vênus (outubro de 2023) e Marte (fevereiro de 2025) antes de alcançar o sistema de Júpiter em outubro de 2029.
A missão vai investigar também os oceanos subterrâneos de Ganimedes e Calisto e avaliar se as três luas podem hospedar vida.
A NASA, por sua vez, mandará ao sistema joviano a missão Europa Clipper, para procurar vida microbiana e estudar a composição do oceano de Europa, chegando a apenas 25 quilômetros de sua superfície. A agência espacial americana, em parceria com o Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins, programou o lançamento para 2023, podendo ser adiado para 2025.
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