Pesquisadores acreditam que a resistência à covid-19 pode estar ligada à genética e, portanto, ter um caráter hereditário. Isso explicaria porque certos pacientes (inclusive idosos) parecem ter uma proteção contra o vírus SARS-CoV-2, enquanto outros são especialmente vulneráveis.
Para apurar esta hipótese, a Faculdade de Medicina da USP, em parceria com o Centro de Pesquisas Genoma Humano, vai analisar o DNA de pacientes que apresentaram resistência extrema à doença.
A coordenadora do Centro de Pesquisas Genoma Humano da USP, Mayana Zatz, explica que o grupo de pesquisadores vai transformar as amostras destes pacientes em células-tronco para derivá-las em diferentes linhagens e infectá-las com o SARS-CoV-2.
A partir deste procedimento, será possível observar se o vírus penetra ou não nessas células e qual é a resposta dessas diferentes linhagens em pacientes resistentes à doença.
Homens são mais vulneráveis
A Universidade de Yale, nos Estados Unidos, também está estudando como a genética pode interferir na capacidade de recuperação. Segundo a microbiologista Carolina Lucas, que faz parte da pesquisa, mulheres são naturalmente mais resistentes à doença.
Estudos anteriores já indicavam essa possibilidade. Contudo, esta baixa resistência era ligada ao tabagismo, que é mais presente na população masculina. "Existem certas diferenças, como homens gerando um quadro inflamatório maior, e as mulheres gerando uma resposta de células T que é mais importante no controle da carga viral", explica a microbiologista.
Interferência do tipo sanguíneo
Outro estudo, desta vez realizado na Itália e na Espanha, identificou que pessoas do tipo sanguíneo A têm 50% mais chances de desenvolver complicações respiratórias, enquanto as de tipo O, possuem 35% menos chances. Nesta pesquisa, 1.610 pacientes foram analisados.
Entre as inúmeras hipóteses que explicam esta diferença, está a ideia de que o tipo sanguíneo A facilitaria a formação de coágulos no organismo, o que obstruiria a circulação, atrapalhando a ação do sistema imunológico.
Diferentes abordagens clínicas
Qual será o efeito prático caso essas diferenças genéticas sejam comprovadas? O coordenador da Rege Genômica do IPEC, David Livingstone, explica que a partir desses resultados, as equipes médicas poderão desenvolver abordagens mais eficazes, conhecendo as particularidades de cada grupo.
Fonte:G1 Globo
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