domingo, 19 de julho de 2020

Divisão do continente africano influencia surgimento de oceano


Estudos recentes reportados pela NBC News apontam que o continente africano está em um lento processo de separação da crosta terrestre, o que pode levar ao surgimento de um novo oceano. No caso, o afastamento das placas tectônicas Arábica, Núbia e Somali cria gradualmente uma vasta fenda que dividirá o bloco em duas partes. Mas o novo mar levará pelo menos 5 a 10 milhões de anos para se formar.

“O Golfo de Aden e o Mar Vermelho inundarão as regiões de Afar e da África Oriental e virarão um novo oceano. Essa parte da África Oriental vai se tornar um pequeno continente separado”, disse Ken Macdonald, geofísico marinho da Universidade da Califórnia.

“Esse é o único lugar na Terra onde você pode estudar como a deriva continental se transforma em uma fenda oceânica”, falou Christopher Moore, da Universidade de Leeds (Reino Unido). Em seu trabalho, o cientista usa dados de satélite para monitorar a atividade vulcânica na África Oriental, associada à ruptura do continente. “Podemos ver que a crosta oceânica está começando a se formar, pois é diferente da crosta continental em sua composição e densidade”, adicionou.

Fendas na região de Afar, Etiópia 

Ao longo dos anos, pesquisadores abordam a deriva continental, teoria de movimentação das massas da Terra gerada por forças do interior do planeta, para responder às modificações da superfície terrestre. Esse complexo processo geológico conta com medições de satélites e instrumentos de GPS, que identificaram uma evidência de aproximadamente 56 quilômetros no deserto em Afar, na Etiópia.

“Com GPS, você pode medir taxas de movimento [das placas] de alguns milímetros por ano. À medida que obtemos mais dados, poderemos ter uma noção muito maior do que está acontecendo”, destacou Macdonald. Em adição, os cientistas apontaram a importância das pesquisas de campo para reunir o máximo de informações sobre o processo.

Contudo, devido às condições climáticas do local, ainda é difícil o estabelecimento de um laboratório específico. “A cidade habitada mais quente da superfície da Terra fica em Afar. As temperaturas diurnas costumam superar 50 graus Celsius. A gente chama esse desafio de Inferno de Dante”, disse Cynthia Ebinger, geofísica da Universidade de Tulane (Nova Orleans), que já conduziu diversos trabalhos presenciais na área.

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