Um estudo divulgado nesta semana pelo Conselho Norueguês do Consumidor, organização sem fins lucrativos financiada pelo governo de Oslo, mostrou que os mais populares aplicativos de relacionamento compartilham informações específicas dos usuários – da localização a preferências sexuais. Mesmo sem ter entre as dados o nome real, qualquer um pode ser identificado e localizado na vida real.
No Brasil, a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon) vai notificar os aplicativos citados no relatório Out of Control – How consumers are exploited by the online advertising industry (Fora de Controle – Como os consumidores são explorados pela indústria de publicidade online) para que, em dez dias, esclareçam se e como as informações dos usuários foram repassadas para parceiros comerciais. Se comprovadas as irregularidades, a multa pode chegar a R$ 9 milhões.
Os aplicativos e o tipo de informações são compartilhadas e com que, segundo o estudo. (Fonte: Forbrukerradet/Reprodução)
Risco de vida
No caso do Grindr (aplicativo para a população LGBT), o compartilhamento de informações pode representar risco de vida para os usuários, se eles usam o app em países onde relações homoafetivas são ilegais (em 2018, ele compartilhou a condição de soropositivos de usuários com duas empresas; depois do escândalo, interrompeu a prática).
Segundo o relatório, o Grindr trabalha com o serviço de anúncios do Twitter, o MoPub. Esse software coleta e compartilha informações com mais de 180 parceiros – entre estes, uma empresa da AT&T que, por sua vez, envia os dados para mais de mil "fornecedores terceirizados".
Compartilhamento sem controle
Tinder e OkCupid (ambas do Match Group) trocam dados entre si, com as outras 45 empresas do grupo e mais parceiros comerciais – incluindo, segundo os pesquisadores noruegueses, desde a etnia do usuário até a resposta de perguntas pessoais, como consumo de drogas e opiniões políticas.
"Qualquer consumidor com 40 a 80 aplicativos terá seus dados compartilhados com milhares de empresas de marketing", disse Finn Myrstad, diretor de Política Digital do Conselho Norueguês do Consumidor.
Fontes: New York Times/ Poder 360
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