quarta-feira, 1 de abril de 2020

Por que é tão fácil cair em fake news?

Nesta semana, a Universidade Estadual de Ohio divulgou uma pesquisa que explica o porquê de pessoas acreditarem facilmente em fake news – e a culpa é, aparentemente, das redes sociais.

De acordo com o estudo, estar exposto constantemente a uma mistura de notícias e entretenimento faz com que usuários se atentem menos às fontes do conteúdo, tornando fácil a confusão entre uma sátira e algo real. "Somos atraídos pelas redes sociais porque são locais únicos de mídias, atualizações de amigos e familiares, memes e fotos de gatos”, explica George Pearson, pesquisador responsável pelo estudo.
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"Essa confusão de conteúdo faz com que tudo pareça o mesmo para nós. Torna mais difícil separar o que precisamos levar a sério daquilo que é apenas entretenimento”. Ou seja, às vezes é realmente complicado distinguir um boato de um fato.

Procedimentos da pesquisa

Para chegar a essa conclusão, Pearson criou uma rede social fictícia chamada Link Me. O site foi apresentado para 370 participantes, que viam quatro páginas com dois ou quatro posts cada uma. As publicações consistiam em um título, um pequeno parágrafo resumindo o conteúdo e dados sobre as fontes das informações.

Considerando nome e descrição, essas fontes foram projetadas para parecerem algo de alta ou baixa credibilidade – tendo sido avaliadas em estudo anterior para assegurar o objetivo do teste. Como exemplos, no caso das confiáveis, foram fornecidos dados como “Washington Daily News – organização jornalística profissional reconhecida pela alta qualidade e objetividade de informação”. Já no caso das duvidosas, “Hot Moon – coletivo de escritores amadores”.

Todas as publicações foram baseadas em artigos reais retirados do Reddit ou Tumblr.
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Depois de visitarem as páginas, os participantes responderam uma série de questões relacionadas aos artigos. O interesse do pesquisador nessa etapa foi descobrir se prestaram mais atenção em fatos cotidianos ou em outras categorias, como entretenimento. “Isso indicaria se as pessoas se preocuparam com a fonte e entenderam o que era notícia real e o que não era”, afirma Pearson.

Conclusão

Os resultados do experimento mostraram que o público presta menos atenção na origem da matéria quando o conteúdo não está claramente classificado em tópicos diversos, aparecendo na mesma página misturado a outros.

Em redes como Facebook e Twitter, isso acontece muito, pois a linha do tempo não dá indicações da diferença entre um meme e um fato. É tudo visualmente igual. Esse é um forte indicativo de fake news serem consideradas, muitas vezes, verdadeiras. “Não há distinção entre uma matéria do New York Times e algo de um blog qualquer. Todas têm o mesmo esquema de cores e a mesma fonte tipográfica”, diz George.
(Fonte: Pixabay)

Entretanto, se cada página apresentava claramente notícias com maior credibilidade ou apenas aquelas questionáveis, as preocupações eram um pouco maiores com a origem do texto. O autor do estudo afirma que o teste mostra os perigos de se informar apenas pelas redes sociais. Para isso, indica uma solução: desenvolvimento de ferramentas para distinguir conteúdos.

“Até que isso aconteça, cabe aos usuários verificarem a informação que consomem, por mais difícil que seja. Por enquanto, a estrutura de apresentação pode estar reduzindo as vantagens da instrução por essas plataformas”, finaliza.

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