segunda-feira, 20 de abril de 2020

Dados de celulares mostram afrouxamento do isolamento social no Brasil

O coronavírus pode trazer problemas ainda mais sérios para o Brasil. Considerando demanda por leitos, número de infectados e número de mortes em diversos cenários de isolamento, pesquisadores indicam que, no país, qualquer índice abaixo de 75% de isolamento social pode acarretar em colapso dos sistemas de saúde – e a média nacional de respeito à medida está caindo cada vez mais.

Segundo levantamento da startup In Loco, que criou o Índice de Isolamento Social (ISS), a adesão caiu para 46,2% na terça-feira passada (14). O rastreamento é feito usando dados de geolocalização dos celulares por meio de parâmetros fornecidos por operadoras de telefonia brasileiras. 

A adesão média nos dias úteis nos últimos 25 dias está em 51%, mas até mesmo nos fins de semana ela tem diminuído. De um total de 60 milhões de pessoas, o índice foi de 69,6% em 22 de março a 59,8% no dia 12 de abril.
Fonte:  Pixabay 

Askery Canabarro, professor de Física da Universidade Federal de Alagoas, afirma: “Dada a realidade de leitos no país, 75% seria um percentual que indica a proteção do sistema de saúde com uma certa folga”. Aparentemente, está cada vez mais complicado atingir a meta.

Com relação à origem das informações, a In Loco explica que possui uma tecnologia que puxa de forma automatizada dados públicos das operadoras sobre geolocalização, que normalmente são usados para direcionar publicidade. Além disso, parte deles vem de empresas como Google, Facebook e Apple e são abertos para o público. Qualquer pessoa pode checar.

Projeções otimistas

Entretanto, mesmo que a notícia pareça ruim, professores da USP, da Universidade de Brasília, do Instituto Butantan e da Fiocruz cruzaram dados de mobilidade das pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro com a velocidade de transmissão do vírus e possuem uma perspectiva otimista. Segundo eles, 40% já é um bom índice.
Fonte:  Pixabay 

“Achamos claramente os 40% como paradigma. Os dados reforçam que, se persistirmos no isolamento atual, talvez não precisemos de medidas mais restritivas. Não vamos precisar radicalizar e a economia vai poder sobreviver de alguma forma”, afirma o infectologista Júlio Croda, que integrou a equipe do Ministério da Saúde e hoje colabora com o centro de contingência do combate ao coronavírus de São Paulo.

Ainda assim, mesmo que essa projeção seja suficiente, é preciso lembrar que, caso o isolamento continue caindo, nem mesmo ela será mantida. Neste fim de semana, foram registradas passeatas no país todo pedindo o fim das medidas.

Fontes:UOL/ In Loco/ Estadão

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